A suspensão no espaço da geometria elementar de uma construção surge como recorte que não define o lugar, antes o «indefine» para o tornar pura forma. O claro-escuro recorta-a sem concessões a circunstâncias envolventes nem definição de contexto, pertença, ambiente. O traçado é oriental, apesar de praticamente banal. Desencontrados, os dois volumes principais dinamizam o espaço da imagem, absorvendo o olhar de modo alternado e complementar e estabelecendo o ponto de encontro ou a transição entre os dois como aquele em que se joga o equilíbrio e a nossa sensação de uma solidez estrutural que a delicadeza estética não ameaça. Os outros elementos, um banco em baixo ou uma parede envidraçada vagamente percetível em cima, são subsumidos sob a centralidade daquela estrutura.

Leonor Nazaré
Curadora do CAM