• 1926
  • Bronze
  • Bronzepatinado
  • Inv. 81E438

Canto da Maya

Comédie (“Femme au Masque”)

Comédie faz par com Tragédie, também pertencente à colecção do CAM, e foram ambas apresentadas no prestigiado Salon d’ Automne de Paris, em 1926. O sujeito alegórico, muito simbolista, era habitualmente tratado de modo convencional, em contraste com o toque pessoalíssimo que Canto da Maia lhe dá, logo notado por um crítico francês que declarou «primeiro surpreende e depois seduz»*. De tamanho reduzido, a figura feminina de máscara na mão recupera a iconografia da musa grega da comédia e da poesia bucólica, Tália, uma duplicidade sugerida na sua expressão lírica e ridente. A inspiração helénica era para mais reafirmada na modelação arcaizante do corpo, muito ao gosto da época, num monólito sóbrio de bronze, com os cabelos e panejamentos esquematizados, em reminiscência do Período Arcaico da estatuária grega.

 

As linhas suaves e onduladas do contorno, a simplicidade das silhuetas, a pose elegante e o requinte do gesto revelam um gosto incipiente pela linguagem art déco em plena ascensão ao tempo. Canto da Maia encontrava-se perfeitamente sincronizado com as novas tendências artísticas impostas por Paris – cidade onde viveu a maior parte dos seus dias –, embora tenha conservado sempre um certo exotismo que era tido por característico dos portugueses.

 

Comédie é uma obra de maturidade, feita no ano em que o artista iniciou a sua carreira autónoma, e poucos meses antes de adoptar definitivamente o pseudónimo de Canto da Maia. Os seus trabalhos dessa época obtinham sucesso na capital francesa, com elogios da crítica e convites para colaborar com importantes vultos artísticos, como Mallet-Stevens ou Paul Follot. Contudo, o seu nome ficaria entre nós associado à sua participação nas grandes campanhas de estatuária oficial do Estado Novo, deificando os heróis da pátria, ela que por sua vez lhe retribuía com vários e muito merecidos galardões públicos.

 

Afonso Ramos

Maio de 2010

 

* Citado em Ernesto Canto da Maya: Sculpteur Portugais XXe Siècle: un sculpteur des Açores dans le Paris des années trente, Paris, Centre culturel Calouste Gulbenkian, 1995, p. 105.

TipoValorUnidadesParte
Altura157,5cm
Largura49cm
Profundidade47,5cm
Tipo assinatura
TextoERNESTO DO CANTO
PosiçãoBase
Tipo outras
TextoE. GODARD
PosiçãoBase
Tipo outras
TextoE. A.
PosiçãoBase
TipoA definir
DataJaneiro de 1981
Arte Contemporáneo Portugués
Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, Centro de Arte Moderna, 1987
Catálogo de exposição
Canto da Maya
Centre Culturel Calouste Gulbenkian
Curadoria: Paulo Henriques
9 de Fevereiro de 1995 a 6 de Abril de 1995
Centre Culturel Portugais/FCG, Paris
Exposição patente de 9 de Fevereiro a 6 de Abril de 1995
Arte Contemporáneo Portugués
Fundação Calouste Gulbenkian
Curadoria: CAM/FCG
Fevereiro de 1987 a Março de 1987
Madrid, Museo Espanõl de Arte Contemporáneo
Exposição organizada pelo CAM e pelos ministérios dos "Asuntos Exteriores" e da Cultura de Espanha. A exposição apresentou obras da Colecção do Centro de Arte Moderna e de colecções particulares.
Le XXéme au Portugal, Pintura, Escultura, Desenho, Tapeçaria
Fundação Calouste Gulbenkian
1986
Bruxelas, Centre Albert Borschette
Bruxelas, 1986
Atualização em 23 janeiro 2015

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