• Cartão prensado e Tela
  • Óleo
  • Inv. 68P299

José Dominguez Alvarez

Casario e figuras de um sonho

Nesta pintura podemos observar uma sucessão de quatro planos esquematizados e paralelos. Todos eles são planos rasos – o da cor lisa dos telhados, vermelhos e sintéticos; das pinceladas macias e uniformes das fachadas e da da serra; da cor neutra do plano de fundo; e do amplo primeiro plano onde são dispostas seis figuras no meio do nada. Temos então uma elipse como em La Danse (1910) de Henri Matisse, mas sem cor, sem movimento, só com vestuários despojados de corpos; apenas mortalhas que não dançam, mas soçobraram.

Casario e figuras de um sonho é, sem dúvida, uma das obras mais irreais e metafisicas da pintura portuguesa. É uma composição ingénua e desapossada que gera uma necessidade de interrogação irresistível, uma paisagem irreal, saturnal e inquietante. Em termos de geometria e cromatismo limita-se ao essencial: triângulos vermelhos, quadriláteros brancos, retângulos negros, em que são dispostas as figuras – efígies esquematizadas, envergonhadas, espectrais. As três cartolas mais os três chapéus de aba são como seis signos ortográficos, três admirações e três interrogações que formam uma elipse de quietude e irrealidade, uma ladainha de responsos. São figuras desconjuntadas numa paisagem sem tempo, espantalhos sem relógio, sem pássaros, sem trabalho, só com uma árvore murcha. Vão-se enforcar? Será uma brincadeira? Ou será antes, como diz Cesário Verde no poema Ave-Marias, um anoitecer com ‘tal soturnidade, tal melancolia’, que desperta um ‘desejo absurdo de sofrer’?

 

AT

TipoValorUnidadesParte
Altura24,5cm
Largura31cm
Tipo assinatura
TextoAlvarez
Posiçãofrente, canto inferior esquerdo
TipoAquisição
Data25 de Outubro de 1968
Dominguez Alvarez, 770, Rua da Vigorosa, Porto
Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2006
ISBN:972-635-177-4
Catálogo de exposição
Equilíbrio e indisciplina: pintura portuguesa dos anos 1930-40, 47 obras da colecção do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
Lisboa, Portugal, Diário de Notícias, Junho/Julho 2006
ISBN:972-9335-93-1
Catálogo de exposição
Inauguração do CAM
CAM/FCG
Curadoria: A definir
20 de Julho de 1983
Lisboa, Centro de Arte Moderna/ FCG
20 de Julho 1983.
Equilíbrio e Indisciplina, Pintura Portuguesa dos Anos 1930-40
Galeria Diário de Notícias
Curadoria: João Pinharanda
23 de Maio de 2006 a 13 de Julho de 2006
Galeria Diário de Notícias
O objectivo da exposição foi mostrar uma zona da produção artística portuguesa que geralmente não é exposta ou o foi há muitos anos, bem como mostrar que não havia homogeneidade na criação plástica desse período.
Exposição Permanente do CAM
CAM/FCG
Curadoria: Jorge Molder
18 de Julho de 2008 a 4 de Janeiro de 2009
Centro de Arte Moderna
Exposição Permanente entre 18 de Julho de 2008 a 4 de Janeiro de 2009.
(+ de) 20 Grupos e Episódios no Porto do Século XX
Câmara Municipal do Porto
Curadoria: Câmara Municipal do Porto
4 de Fevereiro de 2001 a 1 de Abril de 2001
Galeria do Palácio, Porto
Exposição que correspondeu à actividade inaugural da Galeria do Palácio.
Atualização em 30 abril 2023

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