• 1974
  • Barro, chapas de aço inox, canas, árvore e corda de sisal
  • Inv. 09E1597

Alberto Carneiro

Árvore Jogo/Lúdico em Sete Imagens Espelhadas

Em Árvore jogo/lúdico em sete imagens espelhadas o artista trabalha a realidade e a sua imagem, num “espaço para a meditação e posse dos valores estéticos” como consta do subtítulo inscrito no projecto da peça. Foi apresentada na Galeria Quadrum, em Lisboa, em Outubro/Novembro de 1975, entre um conjunto significativo de outras obras dos anos 70; no ano seguinte foi exposta através de uma projecção em diapositivos, na exposição antológica Alberto Carneiro: Dezembro 1968 – Setembro 1976, no Museu Soares dos Reis. Ainda nesse ano, apesar de seleccionada para integrar a primeira representação portuguesa na XXXVI Bienal de Veneza – juntamente com obras de Ana Hatherly, Rocha de Sousa e José Elyseu –, não pôde ser incluída por constrangimentos de espaço. Refeita pelo artista em 2009, para a exposição Anos 70 Atravessar Fronteiras, no CAM (atualmente Coleção Moderna), Árvore jogo/lúdico… apresenta uma oliveira cortada em pedaços que se espalham pelo chão do espaço expositivo obedecendo à sua ordem natural – da raiz para a copa; a primeira secção, raiz e parte do tronco, unem-se por um simulacro de enxertia com barro, o que permite, assim, a sua disposição natural, vertical. A obra surge limitada nos lados correspondentes à raiz e à copa, por chapas metálicas espelhadas (2m x 1m), suspensas em estruturas de canas, e que representam, respectivamente, a “parede da terra” (2 chapas) e a “parede do céu” (4 chapas); no interior desta composição, apesar de não exactamente no seu centro geométrico, sobre uma chapa idêntica às anteriores mas jazente, um pedaço de barro tem espetadas algumas das secções dos ramos, envolvidos, por sua vez, em folha de alumínio – este elemento é designado pelo artista como “coração da mandala”, um “receptáculo das sementes”, representação simbólica oriunda do Tantra e da cultura Hindu que representa a relação entre o ser e o universo. No barro da enxertia e do “coração da mandala” são visíveis as mãos do escultor que o trabalhou: “Quando nós tocamos a matéria para a transformar em arte marcamos a nossa memória sobre ela.”

 

Esta obra foi concebida a partir de um confronto: o do artista com um campo de árvores desenraizadas – um olival –, onde, aliás, Alberto Carneiro terá colhido a oliveira que integrou a obra original, sendo a obra o resultado da confluência entre aquele momento primacial e a reflexão teórica que à altura desenvolvia. A importância da carga simbólica da oliveira, o significado do processo de enxertia (nascimento, frutificação, redenção), e o movimento de fusão de dois espaços – um espaço real e um espaço virtual onde à realidade exterior são sobrepostas as suas próprias imagens – constituem o tema central de Árvore jogo/lúdico…: a inversão do eixo natural – terra/céu – aqui horizontal e limitado pelas chapas metálicas que funcionam como ecrãs reflexivos, entre os quais tudo se passa – espaço privilegiado de transformação da realidade em matéria estética.

 

 

MG

Dimensões variavéis

Tipo Doação
Data Outubro de 2009
Anos 70. Atravessar Fronteiras
Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2009
ISBN: 978-972-635-206-8
Catálogo de exposição
Anos 70. Atravessar Fronteiras
CAM/FCG
Curadoria: Raquel Henriques da Silva, com investigação de Ana Ruivo e Ana Filipa Candeias.
9 de Outubro de 2009 a 3 de Janeiro de 2010
CAM, Lisboa
Atualização em 23 janeiro 2015

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