O espaço da tela O.42-69 apresenta uma composição abstrata, dinâmica e inconclusiva. Faz parte de uma investigação processual e experimentalista que aprofunda antes de mais a intuição espacial do seu autor. Fernando Lanhas desenvolveu diversas experiências no âmbito da escultura, recorte, desenho e colagem, muitas delas hoje desaparecidas, que vêm informar o processo de criação das suas pinturas. Este exercício plástico, por exemplo, contribui para a determinação exata do momento de convívio entre formas curvas e retas, suspensas e articuladas, de trajetórias paralelas e opostas, oblíquas e ortogonais que Lanhas distribui pela superfície desta obra. As relações de escala, espessura das linhas e profundidade acentuam este jogo interminável e desafiam a intuição dos espectadores, potenciando as possibilidades de apreender uma conceção do mundo inquieta.
SP
Maio de 2010