Lourdes Castro (1930-2022)
Lourdes de Castro nasceu a 9 de dezembro de 1930 no Funchal, na ilha da Madeira, local que estaria sempre ligado ao seu trabalho e onde viveu os últimos anos da sua vida. Em 1956, transferiu-se para Lisboa, onde frequentou o curso especial de pintura na Escola de Belas-Artes e onde conheceu o futuro marido, e também artista, René Bertholo. Depois de uma passagem por Munique, o casal mudou-se para Paris, onde viveu durante 25 anos.
Entre 1957 e em 1958, a artista foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian – esta bolsa contribuiu para o desenvolvimento do projeto KWY, uma revista com 12 números, em torno da qual se formou um coletivo de artistas com o mesmo nome, que incluía Lourdes Castro, René Bertholo, Jan Voss, Christo Javacheff, Costa Pinheiro, Gonçalo Duarte, José Escada e João Vieira.
Na década de 1960, Lourdes Castro descobriu o seu tema de eleição, que acompanhou o seu percurso artístico – a sombra. Explorando diversas técnicas e experimentando com materiais pouco convencionais, como o plexiglas ou lençóis de linho, a artista desenvolveu várias obras em torno desta temática, muitas das quais fazem hoje parte da Coleção do CAM, na qual se encontra amplamente representada com 24 obras.
A sua obra foi objeto de inúmeras exposições individuais e de grupo apresentadas na Fundação: em 1992, o CAM realizou uma grande retrospetiva, intitulada Além da Sombra. Seguiram-se outras mostras como Grande Herbário de Sombras, apresentada no CAM em 2002 e na Delegação Gulbenkian em Paris em 2009, com curadoria de Helena de Freitas.
Em 2015, realizou-se a exposição Todos os livros, com a curadoria de Paulo Pires do Vale, onde foram mostrados os livros de artista, uma dimensão menos visível do seu trabalho, mas igualmente importante. Em 2019, realizou-se a primeira grande retrospetiva da sua obra no sul de França, no Musée de Sérignan, com o apoio da Delegação Gulbenkian em Paris. Já em 2021, uma importante parte da sua obra foi apresentada na exposição Tudo o que eu quero – Artistas portuguesas de 1900 a 2020.
Em 2020, no dia em que completou 90 anos, a artista foi distinguida com a Medalha de Mérito Cultural, atribuída pelo Ministério da Cultura.