Lourdes Castro. Grande Herbário de Sombras

Grande Prémio Fundação EDP Arte

Exposição individual de desenhos da artista Lourdes Castro (1930-2022), coproduzida pelo Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão e pela EDP. Esta foi a primeira apresentação ao público do Grande Herbário de Sombras, trabalho de 1973 que inventaria a flora da ilha da Madeira, terra natal da artista, através da técnica da fototipia.
Solo exhibition of drawings by Lourdes Castro (1930-2022) co-produced by the Modern Art Centre José de Azeredo Perdigão and EDP. This was the first time that the “Grand Herbarium of Shadows”, a work from 1973, was displayed to the public. The artwork identified the flora from the island of Madeira, the artist’s homeland, using the collotype technique.

«Grande Herbário de Sombras» foi uma exposição de desenhos de Lourdes Castro (1930-2022) que esteve patente na Galeria do Piso 1 do Centro de arte Moderna José de Azeredo Perdigão entre 22 de novembro de 2002 e 19 de janeiro de 2003. Foi coproduzida pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela EDP.

A mostra foi realizada na sequência da atribuição, em 2000, do Grande Prémio EDP a Lourdes Castro, que foi também a primeira edição do prémio. O júri foi constituído por Jorge Borges da Fonseca, Bernardo Pinto de Almeida, João Pinharanda, António Rodrigues e Vicente Todolí.

Por ocasião da exposição, foi publicada a monografia Grand Herbier d'Ombres, com a chancela da editora Assírio & Alvim. Na abertura do volume, dois breves apontamentos assinados por Lourdes Castro contextualizam a obra. No primeiro (datado de 1973), a artista explica como surgiu o herbário: «Lembrando-me das minhas primeiras sombras projectadas de objectos – feitas em 1962 directamente sobre a seda da serigrafia com luz de mercúrio – e tendo à minha volta uma tal variedade de plantas, árvores, ervas, frutos e flores, comecei a fixar as suas sombras sobre papel heliográfico directamente ao sol…» (Grand Herbier d'Ombres, 2002, s.p.)

No segundo apontamento, Lourdes Castro revisita o seu processo de trabalho, comentando-o: «Hoje, aquando desta publicação, ao reparar nas omissões ou possíveis incorrecções na identificação de algumas espécies, preferi, apesar de tudo, deixar a imagem deste herbário na sua total integridade. Não só traduz melhor as minhas prioridades, como nem por sombras afecta as plantas em si.» (Ibid.)

O Grande Herbário de Sombras foi compilado no verão de 1972, na ilha da Madeira, e contém 100 espécies botânicas diferentes. O trabalho de inventariação de flora a partir de fototipia, ao qual a artista acrescentou etiquetas com o nome científico, o nome comum e o habitat, surgiu numa fase em que a presença antropomórfica vinha a desaparecer da prática artística de Lourdes Castro, vindo na continuação de um longo processo artístico intitulado Sombras. Realizadas a partir da década de 1960, captando o perfil de objetos e pessoas, sobre materiais diversos como lençóis, plexiglas e acrílico fluorescente recortado, as sombras deslocaram a superfície do quadro para um novo registo, aumentando a dimensão do suporte e transformando a sua bidimensionalidade em tridimensionalidade.

No âmbito da exposição, foi realizada uma visita guiada, intitulada «No Silêncio das Flores», com mediação de Susana Neves. Com esta visita, a mediadora evocava o «percurso coerente e sempre cheio de novidade» de Lourdes Castro, diferenciando a exposição da tradição dos herbários ocidentais, abordando a «origem e eloquência das sombras lembrando alguns dos autores citados pela artista» (Texto, 2002, Arquivo Digital Gulbenkian, ID: 268039).

A curadoria da exposição optou pela disposição dos desenhos em suportes de parede corridos, num espaço luminoso, antecedido por uma parede de cor violeta, onde se podia ler a frase: «A intensidade de luz na exposição destas sombras não tem outro significado que o de lhes retardar a impermanência na vulnerabilidade do suporte que as fixou.»

Em 2009, foi feita uma remontagem da exposição no Centre Culturel Calouste Gulbenkian, comissariada por Maria Helena de Freitas, intitulada «Grand Herbier d'Ombres». Além do conjunto de fototipias, foi ainda apresentado um conjunto de material fotográfico da artista e um documentário.

Em articulação com esta exposição, foi realizada a mostra «Lourdes Castro. Sombras à Volta de um Centro», patente no Museu de Serralves entre 24 de janeiro e 27 de abril de 2003, e comissariada por João Fernandes, diretor do museu. Nela foi integrado um conjunto de desenhos com o nome da exposição, mostrados pela primeira vez, juntamente com uma seleção de livros de artista e cartazes de exposições, assim como a instalação Montanha de Flores (1988), registada no documentário La Montagne de Fleurs (2009), de Genevève Morgan, exibido em Paris durante o período em que a exposição «Grand Herbier d'Ombres» esteve patente.

Carolina Gouveia Matias, 2019

“Grande Herbário de Sombras” (Great Herbarium of Shadows) was an exhibition of drawings by Lourdes Castro (1930-2022), on show in the Gallery on Floor 1 of the Centro de arte Moderna José de Azeredo Perdigão (José de Azeredo Perdigão Modern Art Centre) from 22 November 2002 to 19 January 2003. It was co-produced by the Calouste Gulbenkian Foundation and EDP.

The exhibition was held after Lourdes Castro was awarded the Grande Prémio EDP in 2000, which was also the first edition of the prize. The jury consisted of Jorge Borges da Fonseca, Bernardo Pinto de Almeida, João Pinharanda, António Rodrigues and Vicente Todolí.

A monograph entitled Grand Herbier d'Ombres, was published by Assírio & Alvim to mark the exhibition. The volume opens with two brief texts by Lourdes Castro herself, which place the work in context. In the first (dated 1973), the artist explains how the herbarium came to be: “Recalling my first projected shadows of objects — done in 1962 directly onto serigraphic silk with mercury lightand having all around me a great number of plants, trees, grasses, fruits and flowers, I began to fix their shadows directly on heliographic paper, in direct sunlight …” (Grand Herbier d'Ombres, 2002, s.p.)

In the second piece, Lourdes Castro reflects on her working process, saying: “Today, for this publication, upon noticing some omissions or potential mistakes in identifying certain species, I decided, despite everything, to leave the images in this herbarium entirely unchanged. This more faithfully reflects my priorities and in no way affects the plants themselves.” (Ibid.)

The Great Herbarium of Shadows was compiled in Summer 1972, on the island of Madeira, and contains 100 different botanical species. The task of cataloguing flora using collotype prints, to which the artist added labels with the scientific name, common name and habitat, came at a time when the human form was disappearing from Lourdes Castro’s artistic practice, and was a continuation of an ongoing series of artworks entitled Sombras (Shadows). Produced from the 1960s onwards and capturing the silhouettes of objects and people on various materials such as sheets, plexiglass and cut out fluorescent acrylic, these shadows shifted the surface of the artwork, heightening the role of the support and transforming its two dimensions into three.

A guided tour led by Susana Neves and entitled “No Silêncio das Flores”, took place to coincide with the exhibition. During this tour, the guide referred to the “coherent but always innovative” career of Lourdes Castro, distinguishing the exhibition from the western tradition of herbaria and looking at the “origin and eloquence of shadows, recalling some of the authors referenced by the artist” (Text, 2002, Gulbenkian Digital Archive, ID: 268039).

The curators of the exhibitions opted to arrange the drawings in long rows on the wall, in a brightly lit space. At the entrance, a violet wall bore the words: “The intensity of light in this exhibition of shadows has no meaning other than to delay the impermanence in the vulnerability of the medium that captured them.”

In 2009, a reworked version of the exhibition, curated by Maria Helena de Freitas and entitled “Grand Herbier d'Ombres”, went on display at the Centre Culturel Calouste Gulbenkian. As well as the collection of collagraphs, it featured a collection of the artist’s photographs and a documentary.  

To coincide with this exhibition, another, entitled “Lourdes Castro. Sombras à Volta de um Centro” (Lourdes Castro. Shadows around a Centre) was held at the Museu de Serralves from 24 January to 27 April 2003, curated by the museum’s director João Fernandes. This included the set of drawings that gave the exhibition its name, shown for the first time alongside a selection of artist’s books and exhibition posters, and the installation Montanha de Flores (1988), documented in the film La Montagne de Fleurs (2009) by Genevève Morgan, shown in Paris while the “Grand Herbier d'Ombres” exhibition was on display.


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

Lourdes Castro. No Silêncio das Flores

24 nov 2001 – 8 dez 2002
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Galeria Piso 1
Lisboa, Portugal

Publicações


Fotografias

Pedro Tamen (ao centro)
Pedro Tamen (à esq.) e Jorge Molder (à dir.)

Documentação


Periódicos


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00507

Pasta com documentação referente à produção a exposição. Contém material para o catálogo, correspondência externa e interna. 2002 – 2009

Arquivos Gulbenkian (Centre Culturel Portugais de Paris), Lisboa / PRS 05374

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém material para o catálogo, correspondência externa e interna, valores de seguro, folha de sala, número 97 da revista «A Phala». 2009 – 2010

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 132835

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG-CAMJAP, Lisboa) 2002

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 110396

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG-CAMJAP, Lisboa) 2002


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