
Rui Chafes
Enquanto eu Vivia
1966
Entre 1990 e 1992, estuda com Gerhard Merz, na Kunstakademie Düsseldorf, altura em que aprofunda um extenso e importante quadro de referências teóricas, literárias e artísticas – romantismo alemão, Idade Média e Gótico Tardio – que estruturam, em grande parte, a actividade e os interesses deste artista: a luz, a cor, o peso, a leveza e o equilíbrio das formas, na sua relação com a natureza, com o espaço circundante e com o Homem. Durante a estadia alemã, traduz Fragmentos, de Novalis, numa edição que faz acompanhar com desenhos seus. Algumas da exposições que realizou em diferentes instituições são acompanhadas pela edição de livros, pensados enquanto tal, onde faz publicar textos seus e de outros autores que possibilitam um entendimento daquilo que para o artista deve ser a prática artística, profundamente redentora, catalizadora de pensamento.
Ramificam-se diferentes contributos num tronco comum: Andrej Tarkowsky, Friederich Holderlin, Rainer Marie Rilke, Nietzche, Beckett, entre outros, são reunidos no volume com o título Würzburg Bolton Landing, editado pela Assírio & Alvim, por ocasião da exposição realizada na Fundação Calouste Gulbenkian, em 1995, com o mesmo nome. Harmonia; Durante o Fim, Um Sopro e O Silêncio de…, são exemplos da sua prolixa actividade editorial. Enigmáticas, as obras de Rui Chafes, colocadas, muitas vezes, em jardins românticos (Sintra), palácios e igrejas, operam num território suspenso no tempo, numa paisagem que apela para uma outra ordem e condição do objecto criado, entre o caos e o rigor da revelação, entre o interior e o exterior da existência, irracional, individual e transcendental. Num texto de 1998, “Talvez”, Rui Chafes elucida-nos sobre a sua vocação: «Sendo escultor e tendo nascido em 1966 (o ano de Andrej Rubliov, de Andrej Tarkowsky e de Au Hasard Balthazar, de Robert Bresson), vivo com a consciência de que é preciso continuar a transportar a chama, tal como queria Joseph Beuys que, no ano anterior, se tinha sentado, durante três horas, a ensinar a uma lebre morta como se olham as imagens.»
Em 1995, Rui Chafes representou Portugal na Bienal de Veneza (juntamente com José Pedro Croft e Pedro Cabrita Reis) e em 2004 esteve presente na Bienal de S.Paulo num projecto em colaboração com Vera Mantero, Comer o Coração. O seu percurso conta com importantes exposições em instituições nacionais e internacionais e as suas obras integram os mais relevantes acervos públicos e privados.
Pedro Faro
Maio de 2010
Enquanto eu Vivia
Burning in A forbidden Sea
Desenho da série “Nie Wieder”, n.º 13
Desenho da série “Nie Wieder”, n.º 2
Cisne IV (última carta: morre comigo)
Desenho da série “Nie Wieder”, n.º 15
A Manhã VII
Desenho da série “Nie Wieder”, n.º 5
A Manhã VI
Desenho da série “Nie Wieder”, n.º 25
Essa Dócil Mortalidade
A Manhã I
Desenho da série “Nie Wieder”, n.º 21
Durante o Sono
Würzburg Bolton Landing I