Rui Chafes

1966

Rui Chafes é formado em Escultura pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (1984-89). As suas primeiras exposições individuais na Galeria Leo, 1986 e 1987, e no Espaço Poligrupo Renascença, em 1988, definem um período inicial marcado pela criação de instalações nas quais usava materiais variados, como troncos, canas, fitas de platex, ripas de madeira e plástico, que viria a abandonar, mais tarde, a favor do uso exclusivo do ferro pintado de preto, convocando, assim, para o seu trabalho a experiência física da sua configuração, alquímica e industrial.

Entre 1990 e 1992, estuda com Gerhard Merz, na Kunstakademie Düsseldorf, altura em que aprofunda um extenso e importante quadro de referências teóricas, literárias e artísticas – romantismo alemão, Idade Média e Gótico Tardio – que estruturam, em grande parte, a actividade e os interesses deste artista: a luz, a cor, o peso, a leveza e o equilíbrio das formas, na sua relação com a natureza, com o espaço circundante e com o Homem. Durante a estadia alemã, traduz Fragmentos, de Novalis, numa edição que faz acompanhar com desenhos seus. Algumas da exposições que realizou em diferentes instituições são acompanhadas pela edição de livros, pensados enquanto tal, onde faz publicar textos seus e de outros autores que possibilitam um entendimento daquilo que para o artista deve ser a prática artística, profundamente redentora, catalizadora de pensamento.

 

Ramificam-se diferentes contributos num tronco comum: Andrej Tarkowsky, Friederich Holderlin, Rainer Marie Rilke, Nietzche, Beckett, entre outros, são reunidos no volume com o título Würzburg Bolton Landing, editado pela Assírio & Alvim, por ocasião da exposição realizada na Fundação Calouste Gulbenkian, em 1995, com o mesmo nome. Harmonia; Durante o Fim, Um Sopro e O Silêncio de…, são exemplos da sua prolixa actividade editorial. Enigmáticas, as obras de Rui Chafes, colocadas, muitas vezes, em jardins românticos (Sintra), palácios e igrejas, operam num território suspenso no tempo, numa paisagem que apela para uma outra ordem e condição do objecto criado, entre o caos e o rigor da revelação, entre o interior e o exterior da existência, irracional, individual e transcendental. Num texto de 1998, “Talvez”, Rui Chafes elucida-nos sobre a sua vocação: «Sendo escultor e tendo nascido em 1966 (o ano de Andrej Rubliov, de Andrej Tarkowsky e de Au Hasard Balthazar, de Robert Bresson), vivo com a consciência de que é preciso continuar a transportar a chama, tal como queria Joseph Beuys que, no ano anterior, se tinha sentado, durante três horas, a ensinar a uma lebre morta como se olham as imagens.»

 

Em 1995, Rui Chafes representou Portugal na Bienal de Veneza (juntamente com José Pedro Croft e Pedro Cabrita Reis) e em 2004 esteve presente na Bienal de S.Paulo num projecto em colaboração com Vera Mantero, Comer o Coração. O seu percurso conta com importantes exposições em instituições nacionais e internacionais e as suas obras integram os mais relevantes acervos públicos e privados.

 

 

Pedro Faro

 

 

Maio de 2010

 

 

Atualização em 10 março 2016

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