Ana Hatherly
Título desconhecido
Porto, Portugal, 1929 – Lisboa, Portugal, 2015
Nascida no Porto em 1929, Ana Hatherly cedo se interessa pela estética barroca, aplicando-se ao canto lírico. É, no entanto, na poesia que inicia um percurso multifacetado voltado para a «conceptualização do processo criador» e para a interioridade da escrita.
Licenciada em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e doutorada em Literaturas Hispânicas pela Universidade da Califórnia, em Berkley, a sua ligação às letras levam-na a traçar um horizonte onde confluem imagem, som e ritmo, estimulando a «escuta da matéria». Um ano depois da sua primeira incursão pela poesia publica, no Diário de Notícias de 17 de Setembro de 1959, o primeiro poema concreto em Portugal, poeta arca seta. Durante os anos 60 persegue os valores plásticos da escrita em «poemas-visuais» e «poemas-figurativos», afastando-se do concretismo e descobrindo as raízes remotas da visualidade da língua. Num percurso que vai da vanguarda – no poema Un Coup de Dès (1897) de Stéphane Mallarmé (1842-1898) ou nos caligramas de Guillaume Apollinaire (1880-1918) – até às experiências caligráficas orientais e aos labirintos anagramáticos do barroco, Ana Hatherly assinala os rastos da evolução e reinvenção da escrita. Ernesto Melo e Castro chamou-lhe «barroco intuitivo», mas o programa iniciado nos Mapas da imaginação e da memória (1973) evidencia a cientificidade das suas pesquisas, que culminam na edição de vários ensaios sobre a arte dos séculos XVII e XVIII.
Ao mesmo tempo, começa uma longa série de poemas em prosa, ardilosas construções narrativas que mesclam diferentes estruturas discursivas, como a fábula ou a alegoria, e a que dá o nome de Tisanas. Estes textos curtos e desconcertantes são marcados por uma alquimia da escrita que põe à prova todas as certezas, assemelhando-se aos enigmas veiculados pelo Budismo Zen, mais conhecidos por koans.
A situação política em Portugal e o desgaste da censura – porque «a poesia exige liberdade» – incitam-na a partir para Londres, em 1971, onde irá frequentar nos anos seguintes o curso técnico de cinema na London Film School. Com o advento do 25 de Abril, regressa e fixa-se definitivamente em Lisboa. Celebra a revolução em intervenções políticas, com a captação cinematográfica da euforia popular. O entusiasmo pela liberdade traduz-se no empunhar da mão que ganha uma dupla dimensão: na cidade, ela antecede o acto enquanto sinal de ordem; na escrita, é já o início da acção.
O seu espírito livre, vincado por um forte empenhamento cívico e político, leva-a a nunca se fechar em correntes artísticas e intelectuais, integrando porém o Grupo Experimentalista Português e participando em numerosas exposições, com destaque para Alternativa Zero, em 1977, que marca o despertar do país para a vanguarda artística. Ao ingressar na carreira académica, em 1981, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Ana Hatherly vai deter-se na pesquisa sobre os processos da escrita e sua decifração, a variabilidade do jogo na construção do sagrado, e os mistérios da visibilidade.
Depois da grande exposição da sua obra visual produzida no período entre 1960 e 1990, no CAM, em 1992, Ana Hatherly expôs em pequenas mostras individuais onde apresentou pinturas evocativas da sua viagem à India, séries inéditas de trabalhos feitos em Londres, neo-graffitis, ou ainda pinturas onde a inquirição da reciprocidade entre a escrita e a visualidade dão lugar a uma pintura despojada, onde o pincel toca ao de leve a tela deixando as suas marcas tacteantes.
Joana Batel
Maio de 2010
Título desconhecido
A GUERRA
Estudo para O jogo do escritor VII
Título desconhecido
Neograffiti
Palma de Maiorca
Sem título
Sem título [ART]
Sem título
Neograffiti (A)
Série Car Wash
Neograffiti
O Pavão Negro
Labirinto Branco
Sem título
Sem título
Sem título
Sem título
Estudo para o Jogo do escritor V
Poeta chama Poeta II
Estudo para O jogo do escritor IV
Labirinto II
Neograffiti
Labirinto I
Sem título
Sem título
O jogo do escritor I
O Jogo do Escritor II [Maquetes para cartas de jogar]
Parati
Sem título
Sem título
A mão inteligente
Sem título
Sem título
Sem título [arte]
Sem título [ART]
Sem título [ART]
Neograffiti
Sem título
O mesmo nada em tudo
Estudo para O jogo do escritor III
Sem título (Ai)
Labirinto urbano
Neograffiti
Sem título (da Série A Neve)
Sem título (da Série A Neve)
Música de Jazz
O Homem Invisível
Estudo para O jogo do escritor I
Estudo para O jogo do escritor II
Sem título
Neograffiti
Sombra dos meus fantasmas
Neograffiti
Sideral
A Passagem
Amar o mar & etc.
As Ruas de Lisboa
sem título
sem título
sem título
Les Demoiselles dÁvignon invaded by Time
s/título
Auto-retrato (à la Füssli)
Estudo para um retrato de Areal
A romã
Chimneys of London with flying kites and a columm of smoke
s/título
Only you
s/título
sem título
sem título
sem título
s/título
Pesquiza textual
s/título
Caricatura da artista com António Areal, João Perry e José Rodrigues
A romã
Auto-retrato
Retrato de Lautreamont
s/título
sem título
“da desigualdade constante dos dias de Leonor”
sem título
Escuta o conto profano
s/título
Torah
Auto-retrato á la Füssli
Menez, Cruzeiro Seixas, Areal, Ana Hatherly e Mário Cesariny
s/título
s/título
Retrato de Manuel de Lima
s/título
sem título
sem título
O mar que se quebra
s/título
Pax
A romã
Kites in Hampstead Heath
Retrato de George Orwell
s/título
sem título
Metáfora da “mão inteligente”
sem título
Love letter puzzle
Pax
A romã
Cidade
A Romã
sem título
sem título
A Romã
Da Servidão Humana 1997
O sonho da abundância
Pax
As doenças
O poeta imaginado: ou como ele é imaginado pelos outros
As Ruas de Lisboa
Sem título
sem título
Escrita Descendente
A Romã
O encontro
Pax
A romã
s/título
s/título
As Ruas de Lisboa
Sem título
sem título
sem título
A Romã
Os anjos suspensos (homenagem a Borloch)
Não me lembro
Pax
A romã
s/título
s/título
A “Romã”
sem título
s/título
A Romã
Onde
A romã
s/título
Sem Título (Flor)
As Ruas de Lisboa
A Romã
Revolução
O novo, não o livre
Auto – Retrato à la Matisse
Pax
A romã
s/título
Estudo para um retrato de Areal
sem título
sem título
sem título
Voar
Auto – Retrato
A romã
s/título
Retrato de Areal
sem título
O Mar
sem título
Salva a Alma!
Auto – Retrato 1971
A romã
A romã
s/título
s/título
sem título
sem título
Fortitude
s/título
A romã
s/título
Retrato de António Areal inacabado
As Ruas de Lisboa
sem título
sem título
Portrait of Someone I Saw – 71 (à la Matisse)
No grande espaço é sempre noite
A romã
Os mistérios da mente
s/título
As Ruas de Lisboa
As Ruas de Lisboa
S/ Título
sem título
sem título
sem título
sonhando longamente contigo
Viagem à India IV
Estudo sobre um tema de Füssli (the nightmare)
A romã
A romã
s/título
s/título
As Ruas de Lisboa
As Ruas de Lisboa
sem título
sem título
sem título
Homenagem a Monsiú Desidério
s/título
A romã
s/título
s/título
Retrato de A. S. Areal