- Paris, c. 1752-1753
- Prata
- Inv. 1071 e 2166
Terrina com bandeja e colher
O exemplar aqui apresentado, cuja tampa é rematada por uma extraordinária composição de despojos de caça representados com grande realismo, é profusamente decorado, no corpo e nas asas, por riquíssimos elementos roccaille em que se destacam concheados, volutas e motivos florais. No bojo, ao centro, estão representadas as armas da Casa de Aveiras. As mesmas armas encontram-se igualmente na bandeja circular, de orla recortada, sobre a qual a terrina assenta, bem como na grande colher que a acompanha. Esta última, rematada por concha ricamente cinzelada, constitui por si só um exemplar magnífico, com a sua comprida e elegante haste em forma de tronco ao longo do qual se desenrola, em espiral, um ramo de folhagem.
A terrina redonda, mais corretamente designada por «olha», destinava-se a conter alimentos cozinhados com grande componente líquida, nomeadamente «cozidos» e «guisados», cuja receita, proveniente de Espanha, se divulga obtendo enorme sucesso nas mesas europeias do século XVIII. Este conjunto, de caráter essencialmente sumptuário, ilustra bem a importância dada, não só pela Casa Real, mas também por membros da alta nobreza portuguesa aos costumes da corte francesa desta época.
Terrina e bandeja: 6.º Conde de Aveiras, Lisboa; Coleção Marquês da Foz (?); Coleções Imperiais Russas (Ermitage). Adquirida por Calouste Gulbenkian, por intermédio de Aucoc, ao Antikvariat, 1929.
Colher: Adquirida por Calouste Gulbenkian por intermédio de Aucoc, Paris, março de 1932.
Terrina: A. 33 cm; L. 38 cm (máx.); Ø do bojo 28 cm; Peso 7,340 kg
Bandeja: Ø 47 cm; Peso 3,04 Kg
Colher: A. 43,5; Ø (da concha) 10,5 cm; Peso 0,5 kg
Lisboa 1999
A Arte do Retrato. Quotidiano e Circunstância, catálogo de exposição. Lisboa: Museu Calouste Gulbenkian, 1999, p. 154-155, n.º 61.
Lisboa 2001
Museu Calouste Gulbenkian. Lisboa: Museu Calouste Gulbenkian, 2001, p. 129, cat. 103.