Clodion, educado no seio de uma família de artistas, foi aluno da École des élèves protégés, tendo mais tarde frequentado a Academia de França em Roma, onde adquiriu conhecimentos profundos sobre a Antiguidade Clássica, que lhe iriam ser vitais ao longo da sua carreira. Inspirado no estilo íntimo da escultura doméstica da Antiguidade, Clodion especializou-se na execução de pequenas estatuetas em terracota e em mármore, apreciadas e muito procuradas por amadores e colecionadores.

O grupo descrito como «Satyre pressant le jus d’une grappe de raisin dans la bouche d’une bacchante étendue» foi adquirido por Calouste Gulbenkian em 1938. O grupo é assinado e datado de 1764, mas subsistem dúvidas quanto à veracidade desta datação, tal como a de outros exemplares congéneres, só noticiados depois de 1840, que com ele partilham de uma série de particularidades iconográficas e estilísticas.

Efetivamente os corpos femininos têm proporções pesadas e diferem bastante das calmas figuras neoclássicas das obras documentadas de Clodion da década de 1760. Os especialistas sugerem que as obras que integram este conjunto pudessem ter sido executadas cerca de 1840, talvez para o fundidor Barbedienne, por um artista familiarizado com os grupos báquicos criados por Clodion, durante os anos de 1780-1790. Como acontece muitas vezes com a obra de falsários, estas obras constituem um conjunto coerente.