Cuidadosamente esculpida em madeira, esta figura feminina apresenta-se com um traje de grande requinte, composto por uma túnica comprida e pregueada, modelando o corpo, e com uma pesada cabeleira que lhe envolve os ombros, rematada por um diadema parcialmente desaparecido.
O vestido cruza à frente entre os seios cobertos, embora nesta época fosse também habitual deixar o seio direito destapado. A túnica plissada tapa o braço esquerdo que está fletido, com a mão fechada abaixo dos seios, enquanto o braço direito, caído ao longo do corpo, está descoberto, parecendo ter tido uma bracelete. Nos pulsos tem pulseiras de ouro e as suas mãos já não têm os ornamentos que antigamente exibiam, provavelmente flores de lótus. Um certo toque de requinte é dado pelo colar dourado de três voltas com decoração geométrica feita com traços incisos. A base original retangular, também de madeira, não tem qualquer inscrição.
Embora a estatueta da Coleção Gulbenkian já não exiba nas mãos as flores que originalmente tinha, vê-se por outros exemplos que os elementos florais são ornamentos habituais destas damas, representadas para a eternidade em toda a sua beleza física. São essas flores que permitem associar tais imagens esculpidas às imagens literárias, dadas pelos belos poemas de amor da XIX dinastia, onde os elementos vegetalistas participam e são coniventes numa ambiência erotizante, da fruição de um ridente quotidiano.