- Egito, Império Novo, finais da XVIII dinastia
- Madeira policroma e ouro
- Inv. 121B
Estatueta feminina
Cuidadosamente esculpida em madeira, esta figura feminina apresenta-se com um traje de grande requinte, composto por uma túnica comprida e pregueada, modelando o corpo, e com uma pesada cabeleira que lhe envolve os ombros, rematada por um diadema parcialmente desaparecido.
O vestido cruza à frente entre os seios cobertos, embora nesta época fosse também habitual deixar o seio direito destapado. A túnica plissada tapa o braço esquerdo que está fletido, com a mão fechada abaixo dos seios, enquanto o braço direito, caído ao longo do corpo, está descoberto, parecendo ter tido uma bracelete. Nos pulsos tem pulseiras de ouro e as suas mãos já não têm os ornamentos que antigamente exibiam, provavelmente flores de lótus. Um certo toque de requinte é dado pelo colar dourado de três voltas com decoração geométrica feita com traços incisos. A base original retangular, também de madeira, não tem qualquer inscrição.
Embora a estatueta da Coleção Gulbenkian já não exiba nas mãos as flores que originalmente tinha, vê-se por outros exemplos que os elementos florais são ornamentos habituais destas damas, representadas para a eternidade em toda a sua beleza física. São essas flores que permitem associar tais imagens esculpidas às imagens literárias, dadas pelos belos poemas de amor da XIX dinastia, onde os elementos vegetalistas participam e são coniventes numa ambiência erotizante, da fruição de um ridente quotidiano.
Coleção Amherst. Adquirida por Calouste Gulbenkian, por intermédio de Colnaghi, na venda da Coleção Amherst, Sotheby's, Londres, 24 de junho de 1921.
A. 25 cm
Araújo 2006
Luís Manuel de Araújo, Arte Egípcia. Colecção Calouste Gulbenkian. Lisboa: Museu Calouste Gulbenkian, 2006, pp. 90-92, cat. 13.