- Egito, Império Novo, XVIII dinastia
- Marfim
- Inv. 165
«Colher» para cosméticos
Atribui-se a este objeto o nome de «colher» para cosméticos, por ser utilizado como recetáculo para unguentos. Esculpida em marfim, trata com enorme sensibilidade e sentido de humor um tema do quotidiano. Este artefacto representa uma palmeira, na qual a colher é uma grande folha e o cabo um tronco palmiforme. Do espesso e recortado tronco crescem folhas e pendem de ambos os lados, fartos cachos de tâmaras que dois macacos, sentados sobre elas comem deliciados. De um lado do tronco, pode ver-se um velho segurando um pau guarda as tâmaras, enquanto do lado oposto um jovem atrevido sobe à árvore para as roubar.
A habitual simetria deste tipo de objetos é quebrada pelo posicionamento das duas personagens intervenientes, as quais foram esculpidas com um propósito claramente exótico e irónico. Trata-se de figuras negróides, certamente núbias, com os pormenores étnicos que são dados pela cabeleira crespa do homem , pelo brinco que tem na orelha e pelos traços do rosto que o rapaz exibe.
É de registar a invulgaridade do material, sendo que as típicas «colheres» para unguentos desta época, são quase todas esculpidas em madeira ou outros materiais.
Coleção MacGregor. Adquirida por Calouste Gulbenkian, por intermédio de Howard Carter, na venda da Coleção MacGregor, Sotheby's, Londres, junho/julho de 1922.
A. 20 cm
Araújo 2006
Luís Manuel de Araújo, Arte Egípcia. Colecção Calouste Gulbenkian. Lisboa: Museu Calouste Gulbenkian, 2006, pp. 78-79, cat. 9.