- França, 1870
- Óleo sobre tela
- Inv. 257
A Leitura
O tema da leitura foi objeto de diversos trabalhos bem conhecidos do artista, pelo que assume, nessa medida, um papel relevante na sua obra. A pintura constitui não só um excelente exemplo da qualidade intimista de Henri Fantin-Latour, sempre fiel a um ideal sóbrio de representação, de sentimento realista, como introduz o observador no seu universo de eleição, um ambiente doméstico poético e sonhador, de contornos vagamente melancólicos.
À esquerda da tela é possível identificar Victoria Dubourg, futura mulher do autor; à direita, impõe-se a figura enigmática de Charlotte Dubourg, que fixa intensamente o observador e/ou o pintor. Saliente-se que esta aparece com alguma regularidade na sua produção, tendo sido realçada a possibilidade de ter existido uma «cumplicidade silenciosa» entre modelo e artista.
Outro aspeto significativo da composição resulta do isolamento interior que separa as duas irmãs. O contraste entre a superfície iluminada e a zona mais sombria do quadro, onde as figuras se encontram posicionadas, acentua a ambiguidade que se pressente entre proximidade e distância, conferindo à cena a sugestão de uma inquietação «mental» contida, igualmente presente em outros retratos do pintor.
Charles E. Haviland, Paris, 1906-1917; Durand-Ruel, Paris, 1917. Adquirida por Calouste Gulbenkian na Galerie Georges Petit, dezembro de 1917.
A. 95 cm; L. 123 cm
Paris/Otava/São Francisco 1982-1983
Fantin-Latour, catálogo da exposição. Paris: Grand Palais; Otava: National Gallery of Canada; São Francisco: California Palace of the Legion of Honor, 1982, pp. 143-144, n.º 45.
Lisboa 2009
Henry Fantin-Latour. 1836-1904, catálogo da exposição. Lisboa: Museu Calouste Gulbenkian, 2009, pp. 103, 108, 196, n.º 32.
Sampaio 2009
Luísa Sampaio, Pintura no Museu Calouste Gulbenkian. Lisboa/Milão: Museu Calouste Gulbenkian/Skira, 2009, pp. 210-211, cat. 94.
Lisboa 2011
Museu Calouste Gulbenkian. Lisboa: Museu Calouste Gulbenkian, 2011, p. 183, cat. 162.