A obra insere-se no contexto de objetos de ourivesaria associados à incorporação do vidro como material decorativo, que desde muito cedo cativou Lalique. A estrutura desta peça, à primeira vista insólita, é constituída por um emaranhado de serpentes em prata patinada, cujos corpos entrelaçados emolduram o vidro soprado de cor âmbar. Por se tratar de uma técnica complexa e de difícil execução, são relativamente escassos os exemplares desta natureza que o «ourives do vidro» realizou.

Totalmente ousada e original do ponto de vista criativo, construída a partir da forma curvilínea da serpente, tão característica do período Arte Nova, esta peça única corresponde cronologicamente à fase em que o artista se dedicou à produção de joias, não descurando, no entanto, os ensinamentos de juventude absorvidos na década de 1870 na companhia do ourives Louis Aucoc. A obra foi adquirida por Calouste Gulbenkian diretamente ao artista em 1902.