Sir Edward Burne-Jones
Obra gráfica nas Coleções Gulbenkian
O estudo para a pintura O Espelho de Vénus, uma das duas telas de Burne-Jones adquiridas por Calouste Gulbenkian, permite evocar o intenso processo de trabalho subjacente à conceção desta obra pictórica. Exposto pela primeira vez desde a sua aquisição pela Fundação Calouste Gulbenkian em 2017, este estudo a lápis é um dos múltiplos desenhos preparatórios executados pelo artista durante quase uma década com vista a realizar a pintura, revelando-se bastante próximo da sua composição final, embora a figura de Vénus ainda se apresente nua, aspeto que foi posteriormente alterado na tela.
![Sir Edward Burne-Jones, Estudo para «O Espelho de Vénus». Inglaterra, c. 1873-1877. Grafite sobre papel. Museu Calouste Gulbenkian](https://cdn.gulbenkian.pt/museu/wp-content/uploads/sites/5/2024/02/burne-jones-2.jpg)
![Sir Edward Burne-Jones, «O Espelho de Vénus». Inglaterra, 1877. Óleo sobre tela. Museu Calouste Gulbenkian](https://cdn.gulbenkian.pt/museu/wp-content/uploads/sites/5/2024/02/burne-jones-1.jpg)
Flamma Vestalis, que traduz em gravura uma pintura de Burne-Jones, foi impressa em 1887, um ano após a primeira exposição da tela pelo pintor britânico na Grosvenor Gallery, em Londres. Instrumento de divulgação de obras pictóricas já concluídas, a gravura permite igualmente materializar composições artísticas originais, sobretudo em formatos reprodutíveis, como o livro. Tal é o caso de The Works of Geoffrey Chaucer, que inclui os textos poéticos do grande poeta medieval inglês ilustrados por 87 gravuras em madeira realizadas segundo desenhos de Burne-Jones.
O artista William Morris, amigo de Burne-Jones, idealizou, ornamentou e editou esta publicação em 425 exemplares, um deles adquirido por Gulbenkian em 1924 e hoje conservado na Biblioteca de Arte da Fundação Gulbenkian. A cumplicidade artística entre ambos era tão notória que Burne-Jones chegou a afirmar, a propósito de The Works of Geoffrey Chaucer: «Quando Morris e eu éramos jovens colegas em Oxford, se nos apresentassem um livro assim, teríamos ficado estupefactos, mas acabámos por fazer um exatamente como gostaríamos de ter feito nessa altura, se tivéssemos meios.»
![Eugène Gaujean segundo Sir Edward Burne-Jones, «Flamma Vestalis». Inglaterra, 1887. Água-forte sobre pergaminho. Museu Calouste Gulbenkian](https://cdn.gulbenkian.pt/museu/wp-content/uploads/sites/5/2024/02/burne-jones-4.jpg)
![Geoffrey Chaucer, «The works of Geoffrey Chaucer: Now newly imprented/Edited by F. S. Ellis; ornamented with pictures designed by Sir Edward Burne Jones; and engraved on wood by W. H. Hooper». Edição literária de Frederick Startridge Ellis. [S.l.: William Morris, s.d.] (Middlesex: Kelmscott Press, 1896). Ilustrado com composições de Edward Burne-Jones gravadas a madeira por William Harcourt Hooper. Coleção Calouste Gulbenkian – Biblioteca de Arte, E-CG 127](https://cdn.gulbenkian.pt/museu/wp-content/uploads/sites/5/2024/02/burne-jones-5.jpg)
Do pergaminho ao papel
Expostos por períodos mais curtos devido à fragilidade dos seus materiais, os livros e documentos gráficos europeus da coleção são menos conhecidos do público. Nesta série, a conservadora Ana Campino propõe novos olhares sobre estas obras que constituíam um dos conjuntos artísticos prediletos de Calouste Gulbenkian.