Ourivesaria Francesa do Século XVIII na Coleção de Calouste Gulbenkian
Dos Serviços de Mesa aos Troféus do Colecionador
A investigação necessária à elaboração do catálogo de ourivesaria francesa da coleção de Calouste Gulbenkian produziu um manancial de informações sobre as obras, os ourives que as criaram, os seus encomendadores, usos, proveniências, bem como os interesses do colecionador
Por muito prestigiadas que fossem as magníficas encomendas de serviços de mesa por príncipes, reis ou imperadores, o seu desmantelamento conhece uma longa história que frequentemente começava com a morte do encomendador. Por vezes, uma sequência de sucessões atrasou a entrada no mercado destas importantes peças de prata. Por exemplo, a decisão do governo soviético de vender peças históricas da sua coleção revelou-se uma oportunidade única para Gulbenkian adquirir muitos objetos de ourivesaria, verdadeiros troféus de colecionador. A presença deste importante grupo de obras alterou profundamente o caráter da sua coleção, cuidadosamente exposta na sua residência de Paris, fechando as portas a todos os outros colecionadores interessados.
O estatuto glorificado da ourivesaria, prolongado quase que por definição pela sua exposição em museus, tem contribuído para a falta de interesse nos seus criadores e nas suas realizações artísticas, assim como pelo papel que os objetos de ourivesaria desempenhavam nas refeições da alta sociedade europeia no século XVIII.
Esta comunicação teve lugar durante a conferência «A Mesa Global no Século XVIII. Da Prata e do Vidro à Laca e Porcelana», organizada pelo Museu Calouste Gulbenkian no dia 16 de outubro de 2023.