Mecenas do Renascimento Italiano

Retrato e heráldica na afirmação da família Gonzaga e da Casa d’Este

Encontra-se em exposição na Galeria do Renascimento um conjunto de medalhas e livros manuscritos da Coleção Gulbenkian ligados à família Gonzaga e à Casa d’Este.
Ana Maria Campino 03 mar 2023 3 min
Do pergaminho ao papel

A família Gonzaga, detentora de um território sediado em Mântua, e a Casa d’Este, soberana dos ducados de Ferrara, Modena e Reggio, assumiram-se como duas influentes cortes norte-italianas nos séculos XV e XVI. Além do poder político que conquistaram, foram importantes mecenas do Renascimento italiano, acolhendo vários artistas que realizavam, sob a sua encomenda ou influência, obras de arte das mais diversas tipologias.

A Coleção Gulbenkian reúne alguns exemplos desta produção artística impulsionada por ambas as famílias. No caso dos Gonzaga, destacam-se desde logo as três medalhas retratando os marqueses de Mântua de três gerações: Gianfrancesco I, Ludovico III e Francesco II. Duas foram concebidas pelo pintor Antonio Pisano, apelidado de Pisanello e considerado como o «inventor» da medalha moderna.

Tendo como referente as moedas da Antiguidade, de que era colecionador, Pisanello criou um modelo de grande sucesso, que permitia enaltecer as qualidades da pessoa representada através de vários elementos: o seu retrato individualizado (cabeça ou busto de perfil), símbolos ou alegorias evocando a sua personalidade ou a sua linhagem, ou ainda inscrições. Com uma dimensão fortemente comemorativa e propagandística, a produção medalhística retomada e renovada por Pisanello rapidamente atraiu as famílias preponderantes da Itália do século XV. O artista circulou entre as cortes dos Gonzaga, em Mântua, e da família Este, em Ferrara, locais onde começou a criar medalhas honoríficas e a inspirar outros artistas nessa arte.

Além de medalhas renascentistas em bronze, o Museu Gulbenkian conserva três livros manuscritos relacionados com membros da Casa d’Este: o Breviário de Hércules I d’Este (1431-1505), o Livro de Horas de Leonor de Aragão(1450-1493), mulher de Hércules, e o Livro de Horas de Afonso I d’Este (1476-1534), filho de ambos.

A irmã de Afonso, Isabel d’Este (1474-1539), foi também uma importante mecenas das artes, tendo-se estabelecido em Mântua ao casar com Francesco II Gonzaga. O escultor apelidado de «Antico», que trabalhou para Isabel no restauro de antiguidades, exerceu a atividade de medalhista exclusivamente para a corte dos Gonzaga, existindo duas medalhas da Coleção Gulbenkian por ele assinadas e uma atribuída ao seu círculo. Dois filhos de Isabel e Francesco, Frederico II Gonzaga (1500-1540) e o cardeal Hércules Gonzaga (1505-1563), prosseguiram a ação mecenática da mãe, encomendando a armação de tapeçarias Jogos de Crianças, também expostas na Galeria do Renascimento do Museu.

Série

Do pergaminho ao papel

Expostos por períodos mais curtos devido à fragilidade dos seus materiais, os livros e documentos gráficos europeus da coleção são menos conhecidos do público. Nesta série, a conservadora Ana Campino propõe novos olhares sobre estas obras que constituíam um dos conjuntos artísticos prediletos de Calouste Gulbenkian.

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