Japão
Uma das mais famosas séries que fazem hoje parte do Museu Calouste Gulbenian intitula-se «Estações de Tokaido». Composto por 55 gravuras da autoria de Hiroshige (1797-1858), Kunisada (1786-1865) e Kuniyoshi (1797-1861), este conjunto data de meados do século XIX e ilustra várias histórias e lendas relacionadas com as estações da estrada de Tokaido, no Japão.
Tokaido (que pode ser traduzido por «O caminho do mar do Oriente», nome que deriva do seu percurso costeiro) era uma das principais rotas japonesas do período Edo (1603-1868), unindo Quioto, antiga capital imperial do Japão, e Edo (atual Tóquio). O caminho atravessava várias províncias, sendo necessárias licenças para avançar.
A concorrida e penosa estrada de 500 km de comprimento era percorrida a pé pela população mais pobre; os viajantes mais abastados seguiam por vezes de kago, uma espécie de liteira transportada por dois homens. Ao longo do percurso encontravam-se 53 estações (sem contar com a primeira e a última), que albergavam os viajantes, desde os senhores feudais aos camponeses e mercadores. A viagem era longa e árdua, sobretudo durante o inverno rigoroso, mas atravessava belas paisagens, imortalizadas pelos grandes mestres da estampa japonesa.
Tokaido foi muito popular no campo artístico e literário, surgindo em diversos romances e guias turísticos. Mais recentemente, foi tema de obras de artistas contemporâneos, além de ter dado origem a jogos de tabuleiro e de vídeo.
Nas gravuras adquiridas por Calouste Gulbenkian destacam-se alguns lugares célebres do Japão, como o Monte Fuji e o Lago Biwa. A estação de Nihonbashi, representada na primeira estampa, marca o ponto de partida na ponte de Nihon, em Edo; na última pode ver-se a estação de Quioto.
Uma Coleção com Histórias
Por onde passaram as obras antes de chegarem às mãos de Calouste Gulbenkian? Quem foram os seus autores e os seus protagonistas? Que curiosidades escondem? Descubra nesta série as várias histórias por trás da coleção do Museu.