Egito: a longínqua terra próxima
De todos os lugares onde estive, apenas em Portugal me deparei com reações de puro espanto quando afirmo: «Sou egípcia». Nas suas mentes, as pessoas associam-me ao antigo Egito e aos Faraós – e este fascínio torna-me simultaneamente distante e próxima delas. O fascínio cria distância. Sou de uma terra distante e misteriosa. Sou fora do vulgar. Por outro lado, a proximidade está relacionada com a ligação que existe à tradição judaico-cristã e a um imenso interesse pelo Antigo Egito, que representa uma das melhores histórias de progresso humano e de construção de nações. Isto faz com que as pessoas sintam que me conhecem ou que sabem como sou.
O Antigo Egito existiu há milhares de anos. Muitas línguas, sucessivas religiões e costumes separam os atuais egípcios dos seus antepassados. Ligarem-me ao Antigo Egito deixou-me com mais perguntas do que respostas: qual é a natureza desta ligação? O que significa ser egípcio se este conceito, a partir do século XIX, foi inspirado pelo arabismo?
Estas perguntas inspiraram-me a explorar o meu Egito e, paralelamente, o(s) Egito(s) de três outras pessoas que conheci em Portugal: Bruno, arquiteto; Isabel Rute, agente de segurança; e Juliana, joalheira.
Informação Técnica
Texto – Sarah Nagaty – Investigadora de Estudos Culturais e curadora independente
Participantes – Bruno Alves, Juliana Bezerra, Isabel Santos
Vídeo e edição – João Hipólito, Artur Machado, Miguel Morais
Tradução – André Moda