Charles Schefer
Para um colecionador de arte, a história e o trajeto de uma obra são aspetos importantes, que podem contribuir para a valorização do objeto e influenciar a sua aquisição. As peças da Coleção Gulbenkian são oriundas de diferentes locais, tendo viajado pelo globo, passando pelas mãos de diferentes negociantes e proprietários, alguns dos quais nomes famosos que marcaram a história da arte.
O colecionador francês Charles Schefer (1820-1898) é uma destas personalidades. Filho de pai alemão e mãe francesa, Charles cresceu em Paris e desde cedo se interessou pelo Oriente, tendo estudado árabe, turco e persa. Schefer trabalhou no Ministério dos Negócios Estrangeiros francês e foi enviado, como tradutor, para Beirute, Jerusalém, Esmirna, Alexandria e Istambul. Quando regressou a Paris, tornou-se professor de persa, e mais tarde presidente, na École des langues orientales.
Durante as suas viagens, Charles começou a reunir artefactos, sobretudo livros manuscritos, constituindo uma biblioteca de cerca de oito centenas de volumes, alguns dos quais muito raros. Em 1899, após a morte do colecionador, a sua viúva vendeu a coleção à Bibliothèque nationale de France, em Paris; em 1900 foi editado o Catalogue de la collection de manuscrits orientaux arabes, persans et turcs formée par Charles Schefer et acquise par l’État.
Schefer colecionou também outros objetos, como porcelanas e joias, tendo exposto obras na Exposição Universal de Paris de 1878, juntamente com outros importantes colecionadores de objetos orientais. Atualmente, vários importantes museus reúnem obras que lhe pertenceram, como é o caso do MET ou do British Museum – Schefer vendeu e doou várias obras a este último.
Entre as primeiras aquisições documentadas de Gulbenkian, em 1898, encontram-se quatro pratos que pertenceram a Schefer. Estas peças refletem influências de tradições cerâmicas de regiões próximas de Iznik, na Turquia: dois deles apresentam escamas, um terceiro encontra-se decorado com arabescos e o quarto com folhas saz. Três destes pratos têm um orifício que serviu para os pendurar, transformando-os em objetos decorativos. Dada a fama de Schefer como académico e colecionador orientalista, a aquisição destas peças por Calouste Gulbenkian conferiu valor à sua coleção.
Uma Coleção com Histórias
Por onde passaram as obras antes de chegarem às mãos de Calouste Gulbenkian? Quem foram os seus autores e os seus protagonistas? Que curiosidades escondem? Descubra nesta série as várias histórias por trás da coleção do Museu.