Pop, sim ou não?
Artistas habitualmente conotados com a fase mais conhecida da Pop britânica do início da década de 1960, como Allen Jones ou Patrick Caulfield, recusaram sempre a etiqueta «Pop».
Numa fase ainda muito inicial da sua carreira, Allen Jones interessa-se fundamentalmente pela cor e por composições onde se pode ver a sobreposição de atributos masculinos e femininos, considerando que a arte resulta da interação dos géneros. A opção por telas recortadas permite-lhe sair da tradicional bidimensionalidade da pintura, representando na tela octogonal, que constitui a parte superior desta obra, o movimento helicoidal de um volume suspenso em queda. Trata-se da transcrição do que podia ser um motivo pop – um paraquedista – numa linguagem que retoma os contrastes simultâneos da pintura do casal Delaunay, da vanguarda das primeiras décadas do século XX.
Patrick Caulfield opta por uma pintura em grandes manchas de cor delineadas a negro, numa citação da pintura modernista de Fernand Léger e da técnica da banda desenhada. O artista inspira-se frequentemente em motivos que foram populares noutras épocas, como é o caso da cultura material e visual orientalizante, característica do gosto europeu do final do século XIX. Adagas e cerâmicas são representadas num registo figurativo próximo da pintura de tampas de caixas de chocolates. Uma pintura destinada a atrair, como é o caso deste eremita azul sentado de costas numa gruta ocre aberta sobre o vazio amarelo, numa meditação sobre os contrastes simultâneos (cromáticos).