Quem tem medo do ornamento? E da abstração?
Professor e diretor entre 1988 e 2000 da célebre escola de arte londrina Slade School of Fine Arts, Bernard Cohen simplesmente não estava interessado na Pop, na época da Pop Art clássica inglesa e americana, ou como ele gosta de dizer, da Popular Art, demasiado conformista e dirigida. Para Cohen, aquela «arte popular» viera interromper um fluxo artístico muito mais criativo que estava a acontecer na pintura abstrata em finais da década de 1950. Cohen criticava a visão romântica, académica e comercial dos artistas Pop, que considerava subjugados aos interesses e orientações dos media.
Em White Plant, uma grande pintura que esteve – ainda que por breves momentos – exposta na Bienal de Veneza em 1966, Cohen dá largas à sua imaginação criativa com este enorme ornamento que flutua sobre um vasto campo de pontilhismo largo e pacientemente texturado. O tempo repõe por vezes justiça no curso das coisas, e esta pintura retirada de exposição em Veneza, por não ficar bem com as grandes esculturas de chão de Anthony Caro, tem um lugar de honra nesta exposição e na Coleção Berardo, em Lisboa, da qual faz parte.