Teresa de Sousa (1928-1962) foi colega de José Escada na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, tendo-se destacado como desenhadora e gravadora. Até à sua morte prematura em 1962, foi uma colaboradora fiel da Gravura – Cooperativa de Gravadores Portugueses. Bolseira do Instituto de Alta Cultura (IAC), estudou no Atelier 17 de Stanley W. Hayter em Paris. Sendo um pouco mais velha do que José Escada, Teresa de Sousa estreara-se em 1953 na coletiva Prémio da Jovem Pintura, organizada pela Galeria de Março de José-Augusto França, um ano antes de terminar a sua formação em Pintura. Assídua participante em exposições de arte na segunda metade dos anos de 1950, foi distinguida com um Prémio de Gravura por ocasião da I Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, em outubro de 1957, ano em que casa com o designer José Maria Cruz de Carvalho, fundador da Altamira e da Interforma. Participou no I Salão dos Novíssimos do SNI, em 1959, tendo sido distinguida com um prémio Domingos Sequeira.

O retrato que nos oferece José Escada apresenta-nos uma beleza serena de feminilidade sóbria e quase austera, boca fechada e olhar perdido num além quadro, uma sobriedade refletida no camiseiro de gola pequena, abotoado, e no cabelo apanhado sugerido em traços ondulantes convergindo num pequeno nó. Académico na representação do rosto a 2/3, este trabalho evidencia bem as qualidades plásticas do artista que vamos encontrar noutras obras da mesma época e posteriormente: máxima expressividade na economia e concisão do traço, supressão do modelado com acentuação pontual dos contornos da linha, numa prática de enraizamento moderno ou pós-cubista que José Escada assimila com enorme facilidade.

Este desenho foi realizado na época da inauguração da Galeria Pórtico de António Araújo, em Lisboa, galeria cuja atividade se iniciou justamente com uma exposição coletiva, José Escada, Lourdes Castro, Teresa de Sousa, Cruz de Carvalho, em abril de 1955, numa afirmação de camaradagem e cumplicidade escolar que também se encontra no Retrato de Lourdes Castro conservado na Coleção Moderna.

Ana Filipa Candeias