Vieira da Silva e Arpad Szenes
A ligação direta e privilegiada da Fundação Calouste Gulbenkian com o casal Maria Helena Vieira da Silva-Arpad Szenes – que partilhou mais de cinquenta anos de vida em comum – resultou num conjunto fundamental de obras que fazem parte da Coleção Moderna, de que é um exemplo a pintura doada por Arpad Szenes. O artista húngaro começa a retratar Vieira ainda em Lisboa, antes de partirem para o Brasil em 1940, embora esta pintura faça parte de um momento de rutura na sua obra, concretizado em Paris: numa estrutura mais geométrica e em que a cor sublinha a forma, Maria Helena é retratada de costas na sua cadeira de verga, enleada nas curvas do vime.
Vieira da Silva, que pertence à designada Escola de Paris, explora uma nova via abstrata, não-figurativa, proposta por um conjunto de artistas que chegam à capital francesa durante o pós-II Guerra Mundial, tal como Pierre Soulages ou o seu amigo Zao Wou-Ki, que também estão presentes na exposição com trabalhos de pintura e desenho. A relação entre forma, linha, espaço e cor encontra nestes artistas uma simbiose, evidente na obra O Aqueduto, com uma clara relação com a arquitetura, que fascinava Vieira da Silva.
Patrícia Rosas, curadora