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Espaço público | espaço privado
Na ausência de galerias, marchands ou mercado de arte, Almada, tal como outros artistas, trabalhou desde cedo sob encomenda, como aconteceu, por exemplo, com a Alfaiataria Cunha, o café A Brasileira do Chiado, o Bristol Club, ou com desenhos, grafismos e ilustrações para jornais, livros, capas ou cartazes.
Depois de regressar de Madrid em 1932, Almada assiste ao emergir da política de propaganda do Estado Novo, que convocou arquitetos e artistas modernistas para ajudar a construir a sua imagem, tornando-se praticamente a única garantia de sustento para a maioria deles. A integração das artes, a recuperação de técnicas tradicionais e a indistinção entre artes maiores e menores foi defendida na modernidade: no movimento Arts & Crafts, na art nouveau, no noucentismo, no De Stijl ou na Bauhaus. A matriz modernista foi comum a regimes autoritários, como o italiano e o português, servindo uma propaganda que aproveitava a legitimação da mudança dada pelos discursos da modernidade para promover a renovação da imagem nacional, estimulando a construção e a decoração públicas.
Almada trabalhou neste contexto artístico em que os agentes da arte estavam ao serviço de contraditórios usos da modernidade, mas em depoimentos e textos discordou da instrumentalização da arte pelo Estado, fazendo a defesa incondicional da liberdade do artista. Em geral, os temas encomendados eram predefinidos, no entanto, é possível encontrar em Almada desvios ao controlo temático, por vezes com um humor insubordinado mais ou menos subtil.
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