Sobre a Coleção

Calouste Gulbenkian começou a adquirir obras de arte, de modo sistemático, no final do século XIX, continuando a fazê-lo até 1953.

A sua coleção inclui objetos de vários períodos e áreas: Arte Egípcia, Arte Greco-Romana, Arte Islâmica e do Extremo Oriente e ainda Numismática, Pintura e Artes Decorativas europeias.

A frase «only the best is good enough for me» espelha bem os critérios de qualidade pelos quais se regia e a relação de afeição que desenvolvia com o objeto.

As suas peças eram adquiridas através de intermediários, diretamente aos proprietários, públicos ou privados, ou em leilões. Apesar de um gosto definido, Calouste Gulbenkian sabia rodear-se de personalidades que o aconselhavam e nas quais confiava. Foi Sir Kenneth Clark, na altura diretor da National Gallery de Londres, que lhe aconselhou a compra, em 1943, do quadro As Bolas de Sabão de Manet. André Aucoc, joalheiro e ourives parisiense, teve um papel fulcral nas negociações com o Governo soviético para a compra, entre 1928 e 1930, de um importante espólio ao Museu do Ermitage em Leninegrado.

Quando desencantado com um objeto alienava-o da coleção sob a forma de presente, troca ou pagamento parcial.

Atento ao enriquecimento de coleções públicas, contribuiu com generosas ofertas, financeiras ou com peças, a instituições culturais como o Musée du Louvre, o Kunsthistorisches Museum de Viena ou o Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa.

Em 1938, com o núcleo da coleção definido, Calouste Gulbenkian manifestou o interesse em criar em Londres, junto à National Gallery, uma instituição que o pudesse albergar na totalidade. A esta ideia não foram alheios os recentes depósitos de algumas das obras maiores da sua coleção de pintura na National Gallery e de antiguidades egípcias no British Museum.

O projeto não viria a realizar-se pelo eclodir da Segunda Guerra Mundial e devido a incidente diplomático, ocorrido em 1942, quando o Governo inglês declarou Calouste Sarkis Gulbenkian como «technical enemy», atribuição que vem a ser revogada no ano seguinte mas que Calouste Gulbenkian não esqueceria. Em 1947, aquando do restauro do edifício da National Gallery em consequência dos bombardeamentos nazis, foi solicitado por Sir Philip Hendy, o novo diretor, para voltar a colocar em exposição as pinturas que cedera em 1938. O pedido não foi aceite até porque o anterior diretor, Sir Kenneth Clark, em quem o Colecionador depositava total confiança, tinha-se entretanto demitido do lugar. Outra proposta para a criação em Londres de um Museu que albergasse a sua coleção viria a ser feita, no mesmo ano, por Sir Leigh Ashton, diretor do Victoria & Albert Museum. Ainda em 1947, idêntico convite foi feito pela National Gallery of Art de Washington DC, propondo a Calouste Gulbenkian apresentar no seu espaço todas as obras que depositara em Londres. Assim, em 1948, foram enviadas para os Estados Unidos as antiguidades egípcias depositadas no British Museum e, em 1950, as pinturas cedidas à National Gallery de Londres.

A residência do Colecionador – 51, Avenue d’Iéna, Paris – Terraço-jardim
A residência do Colecionador – 51, Avenue d’Iéna, Paris – Sala de Jantar
A residência do Colecionador – 51, Avenue d’Iéna, Paris – Grand Salon
A residência do Colecionador – 51, Avenue d’Iéna, Paris – Galeria de pintura
A residência do Colecionador – 51, Avenue d’Iéna, Paris – Biblioteca
A residência do Colecionador – 51, Avenue d’Iéna, Paris – Hall

O grande núcleo da coleção permaneceu contudo na sua casa na Avenue d’Iéna, em Paris, imóvel que adquirira, em 1922, ao colecionador Rodolphe Kann e que durante quatro anos sofreu grandes trabalhos de adaptação para instalar as obras de arte.

Quando Calouste Gulbenkian, a 18 de junho de 1953, fez em Lisboa o seu testamento definitivo, decidiu que todas as suas obras de arte viessem para a capital portuguesa e que, a par da Fundação que então se instituía, se edificasse um Museu para as proteger e exibir. O projeto de um Museu e da Fundação que idealizara para Londres e que ponderara para Washington, seria deste modo materializado em Lisboa.

Enquanto se estudavam as propostas de edificação do Museu e da Sede da Fundação, é adquirido, em Oeiras, próximo de Lisboa, o Palácio Pombal que foi preparado para acolher as obras de arte na sua maioria provenientes de Londres, Washington e Paris.

De maior complexidade foram as negociações com o Governo francês que se opunha à saída de preciosidades provenientes dos Palácios Reais de Versalhes e Fontainebleau. Uma concertada ação jurídico-diplomática por parte da Administração da Fundação Gulbenkian, do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, e de André Malraux, então Ministro da Cultura do Governo francês, possibilitou a vinda para Lisboa, sem restrições, do resto da Coleção, o que viria a acontecer a 26 de junho de 1960.

Pela primeira vez, sob um teto provisório, as cerca de 6440 obras adquiridas por Calouste Gulbenkian encontravam-se finalmente juntas como sempre sonhara. A sua divulgação junto do público português foi feita através de apresentações de algumas obras em diversas exposições, nos inícios da década de 1960.

A partir de 20 de julho de 1965, data do 10.º aniversário da morte do Fundador, cerca de 300 obras da Coleção Gulbenkian foram expostas ao público. Em 1969, as obras de arte deixaram o Palácio Pombal, para inaugurarem o novo Museu, finalmente agrupadas como uma identidade.

Atualização em 20 novembro 2020

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