Senuseret III

Uma coleção com histórias: em 2020, partilhámos semanalmente uma história sobre a coleção de Calouste Gulbenkian. O mês de maio foi dedicado às histórias literárias.
30 abr 2020

O faraó Senuseret III reinou no Egito durante cerca de 37 anos, altura de grande prosperidade na região. Ficou conhecido sobretudo pelas suas vitórias militares, que ajudaram a expandir as fronteiras do reino.

Um dos mais emblemáticos governantes do Antigo Egito, Senuseret III, o quinto rei da XII dinastia, tornou-se um símbolo da monarquia egípcia para os autores clássicos, tendo tomado várias medidas que contribuíram para a reinvenção do Estado egípcio. Uma das muitas transformações decorrentes do seu reinado foi no campo da arte, uma vez que as obras que se desenvolveram na época quebravam com a tradição anteriormente vigente, sendo caracterizadas por um maior realismo e por uma grande atenção ao pormenor.

As obras mais conhecidas do seu período são as estátuas dedicadas ao próprio faraó. Senuseret III surge em diversos bustos, retratado com diferentes idades: por vezes aparece mais velho, simbolizando maturidade e sabedoria, outra vezes jovem. Algumas destas obras pertencem atualmente às coleções de vários museus de todo o mundo, como o British Museum, em Londres, o Louvre, em Paris, o Neues Museum, em Berlim ou o Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque. As esculturas partilham várias características, como o nemes (o toucado) apresentando o uraeus (a serpente sagrada).

Cabeça de Senuseret III. Egito, Império Médio, XII dinastia (c. 1860 a. C.). Obsidiana. Museu Calouste Gulbenkian
Cabeça de Senuseret III. Egito, Império Médio, XII dinastia (c. 1860 a. C.). Obsidiana. Museu Calouste Gulbenkian

O faraó mandou construir a sua pirâmide em Dahshure e as suas ruínas terão sido descobertas em 1839. O egiptólogo francês Jacques de Morgan ficou na história por ter dirigido a primeira expedição científica ao local. Terá demorado vários meses a encontrar a entrada para o túmulo, que estava vazio; contudo, no interior da pirâmide permaneciam os túmulos e tesouros das rainhas e princesas de Senuseret III. Foram descobertas também quatro barcas funerárias.

A cabeça comprada em julho de 1922 por Calouste Gulbenkian fazia parte de uma escultura de corpo inteiro deste faraó, realizada em obsidiana, uma pedra vulcânica. Antes de ser adquirida pelo colecionador ao reverendo britânico William MacGregor, juntamente com outros 15 objetos, esteve exposta no Burlington Fine Arts Club, em Londres. Acredita-se que seja originária de Medamud, atualmente perto da região de Luxor.


Uma Coleção com Histórias

Em 2020, partilhámos semanalmente uma história sobre a coleção de Calouste Gulbenkian. Os artigos desta rubrica referem-se à coleção do Museu Calouste Gulbenkian como Coleção do Fundador.

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