Casa Colnaghi

Uma coleção com histórias: em 2020, partilhámos semanalmente uma história sobre a coleção de Calouste Gulbenkian. O mês de novembro foi dedicado a negociantes de arte.
05 nov 2020

A Casa Colnaghi é a galeria comercial de arte mais antiga da Europa, aberta ainda no século XVIII. O negócio que daria origem à galeria foi iniciado pelo italiano Giovanni Battista Torre em 1760, em Paris. Quando Giovanni morreu, o seu filho Anthony herdou o negócio, abrindo uma loja em Londres, especializada na venda de gravuras. Em 1783, Paul Colnaghi (1751-1833), nascido no norte de Itália, foi contratado para colaborar com Anthony, primeiro em Paris e posteriormente em Londres, vendendo obras de famosos gravadores, como Valentine Green.

No final do século, Colnaghi passou a gerir o negócio, transformando-o num importante ponto de venda de arte, focado em gravuras feitas a partir de pinturas dos velhos mestres. O seu êxito atraiu o príncipe regente que o contratou para organizar a coleção real. O filho de Paul, Dominic, continuou o trabalho do pai, alargando o negócio à fotografia.

Um século mais tarde, em 1894, Otto Gutenkust juntou-se à Casa Colnaghi, promovendo valiosas relações com museus europeus e abrindo o negócio a uma importante clientela americana, que incluía Isabella Stewart Gardener, fundadora de um museu com o seu nome em Boston, Henry Clay Frick, cuja coleção originou a Frick Collection de Nova Iorque, e Andrew Mellon, que estabeleceu a National Gallery of Art em Washington. Outro importante cliente, desta vez na Europa, foi a Gemäldegalerie de Berlim, que adquiriu obras de Rembrandt e Vermeer.

Já no século XX, Gustavus Mayer começou a colaborar com Gutenkust. Nesta altura, a Colnaghi usufruiu da famosa venda da coleção do Museu do Hermitage, realizada pelo Governo soviético em 1930, adquirindo obras-primas de artistas como Rafael, Botticelli, van Eyck, Rubens e Rembrandt, vendidas posteriormente à National Gallery de Washington, ao Rijksmuseum de Amesterdão e à National Gallery of Victoria, em Melbourne.

John Jones segundo John Hopper, «Mrs. Jordan as Hypolita», século XVIII. Mezzotinto. Museu Calouste Gulbenkian
Edgar Degas, «Retrato de Henri Michel-Lévy», c. 1878. Óleo sobre tela. Museu Calouste Gulbenkian

Uma parte significativa de obras da Coleção Gulbenkian adquiridas durante as primeiras décadas do século XX passou pela Colnaghi, destacando-se o núcleo de gravuras e ainda diversos exemplares do núcleo de pintura – de autores como Rubens, Ruisdael, Guardi, Fantin-Latour, Degas, entre outros –, bem como alguns desenhos e um par de aguarelas. Colnagui foi ainda intermediário na compra de um manuscrito contendo duas obras – o Bustan e o Gulistan – da autoria de Sa’di, um famoso escritor persa do século XIII.

 

«Gulistan e Bustan» por Sa’di. Copiado por Murshid al-Katib al-Shirazi, iluminado por Ghiyath al-Din Mahmud Shirazi. Período safávida, 1536-1537 (datado AH 943). Tinta, ouro e guache sobre papel. Museu Calouste Gulbenkian

Em 1970, Jacob Rotchschild comprou o negócio, aumentando a sua área de incidência, que passou a incluir obras de arte oriental, bem como obras expressionistas, entre outras. A Colnaghi foi responsável por organizar, em parceria com alguns museus de renome, importantes exposições que resultaram em vendas frutíferas. Continua ativa atualmente, tendo passado por várias mãos ao longo dos tempos. Em 2010 celebrou o seu 250.º aniversário.


Uma Coleção com Histórias

Em 2020, partilhámos semanalmente uma história sobre a coleção de Calouste Gulbenkian. Os artigos desta rubrica referem-se à coleção do Museu Calouste Gulbenkian como Coleção do Fundador.

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