Bernard Quaritch

Uma coleção com histórias: em 2020, partilhámos semanalmente uma história sobre a coleção de Calouste Gulbenkian. O mês de novembro foi dedicado a negociantes de arte.
19 nov 2020

Habitualmente afastada dos olhos do público, sendo exposta em rotatividade por questões de conservação, a coleção de livros de Calouste Gulbenkian contém importantes e raros exemplares, entre os quais se encontram livros manuscritos e impressos, fragmentos e encadernações, produzidos entre os séculos XII e a primeira metade do século XX.

Um número considerável de exemplares deste núcleo foi adquirido pelo colecionador à Bernard Quaritch, Lda., uma loja dedicada à venda de livros e manuscritos raros, aberta em 1847. O fundador, Bernard Quaritch (1819-1899), nasceu numa pequena vila alemã e começou desde cedo a trabalhar em livrarias no seu país natal. Em 1842, mudou-se para Londres, onde colaborou com Henry Bohn, o maior vendedor de livros da cidade.

 

«Regulae Societatis Iesu» (encadernação), França, século XVI. Encadernação à francesa em marroquim gravada a ouro. Museu Calouste Gulbenkian

 

Alguns anos mais tarde, em 1847, Quaritch abriu o seu próprio negócio no centro de Londres, em Leicester Square, e rapidamente reuniu uma importante clientela. O negociante interessava-se por livros sobre temas diversos, mas ficaria sobretudo conhecido por vender exemplares antigos, entre os quais incunábulos, livros manuscritos, Bíblias, encadernações históricas. Um dos primeiros livros que comprou foi uma «Bíblia de Gutenberg», um incunábulo impresso por Johannes Gutenberg entre 1450 e 1455, que marcou o início da produção em massa na Europa. Só sobreviveram 49 exemplares – acredita-se que seis terão passado pelas mãos de Quaritch.

 

Bíblia arménia, Constantinopla, 1623. Pintura a guache sobre papel velino. Museu Calouste Gulbenkian

 

Os filhos de Bernard deram seguimento ao trabalho do pai após a sua morte, ficando E. H. Dring como diretor – a família Dring trabalharia para a empresa durante aproximadamente 113 anos. Posteriormente, a direção passou para F. S. Ferguson. Colaborador desde 1897, Ferguson tinha trabalhado diretamente com o fundador da loja e tornou-se não só um reconhecido vendedor de livros, como um bibliógrafo de renome.

Embora a família Quaritch tenha decidido vender o negócio na década de 1970, a empresa continua a funcionar atualmente com o mesmo nome, pertencendo ao colecionador de livros e investidor John Koh. Hoje, a empresa oferece serviços de avaliação de coleções, aconselhamento no momento da compra, continuando a adquirir e vender livros em leilão. A Bernard Quaritch também publica livros e catálogos e mantém um arquivo de documentação, que inclui correspondência com alguns nomes ilustres, como o famoso colecionador J. Pierpont Morgan e o escritor, editor e colecionador William Morris.


Uma Coleção com Histórias

Em 2020, partilhámos semanalmente uma história sobre a coleção de Calouste Gulbenkian. Os artigos desta rubrica referem-se à coleção do Museu Calouste Gulbenkian como Coleção do Fundador.

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