As portas de elevador de Edgar Brandt

Uma coleção com histórias: em 2020, partilhámos semanalmente uma história sobre a coleção de Calouste Gulbenkian. O mês de dezembro foi dedicado ao «hôtel Gulbenkian».
04 dez 2020

É difícil imaginar que a fachada austera do n.º 51 da Avenue d’Iéna, em Paris, foi a casa de duas das mais impressionantes coleções particulares, a do banqueiro Rodolphe Kann e a do magnata do petróleo Calouste Gulbenkian. Quando Gulbenkian adquiriu o imóvel, em 1922, deu-se início a uma longa e exigente remodelação, cujo objetivo era transformar o hôtel particulier na sua casa de família e no lugar que acolhesse a sua coleção.

Um dos artistas que contribuiu para a decoração da residência foi Edgar Brandt (1880-1960), conhecido pelas suas ligações ao ferro como material de criação. Nascido em Paris, Edgar Brandt começou por trabalhar na área do armamento – algumas armas desenhadas por si foram copiadas largamente nas duas Guerras Mundiais. Posteriormente, começou a criar outro tipo de objetos, como portas e portões, bases de candeeiros ou cadeiras e mesas em ferro forjado.

Residência de Calouste Gulbenkian no n.º 51 da Avenue d’Iéna, em Paris
Residência de Calouste Gulbenkian no n.º 51 da Avenue d’Iéna, em Paris

Tal como Lalique, Brandt participou e prosperou na Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas, que decorreu em Paris, em 1925. Esta exposição, muito importante para o fomento da indústria numa altura em que a Europa se encontrava devastada pela Primeira Guerra, proporcionou o surgimento de uma nova estética, a Art Déco.

Apreciador deste novo gosto, Calouste Gulbenkian encomendou a Brandt várias intervenções de relevo para a sua casa, como as guardas em ferro forjado para a  escadaria principal, aos pés da qual «repousava» a escultura Diana, de Houdon. Brandt foi também responsável pela conceção das guardas da escadaria privada, que dava acesso aos aposentos da mulher e da filha do colecionador, bem como pela execução da porta principal (adaptando o desenho inicial da autoria de René Lalique), da porta do vestíbulo e das guardas exteriores das janelas.

Gulbenkian encarregou ainda o artista de conceber algumas peças de mobiliário, nomeadamente uma coiffeuse (ou toucador) e vitrinas, onde expôs algumas das obras da sua coleção. Porém, um dos contributos mais interessantes foi a criação de duas portas para o elevador da casa, em ferro forjado, vidro e bronze patinado e dourado. As portas, atualmente parte integrante da Coleção do Museu Calouste Gulbenkian, segundo o modelo lançado por Brandt na exposição de 1925, têm como motivo decorativo a figura da deusa Diana, acompanhada dos seus atributos, sobre um fundo de flores e folhas.


Uma Coleção com Histórias

Em 2020, partilhámos semanalmente uma história sobre a coleção de Calouste Gulbenkian. Os artigos desta rubrica referem-se à coleção do Museu Calouste Gulbenkian como Coleção do Fundador.

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