Apolo e a Lira

Uma coleção com histórias: em 2020, partilhámos semanalmente uma história sobre a coleção de Calouste Gulbenkian. O mês de julho foi dedicado às histórias musicais.
03 jul 2020
Jean-Antoine Houdon, «Apolo», 1790. Bronze. Museu Calouste Gulbenkian

Apolo é um dos mais conhecidos deuses da mitologia grega e romana. Irmão gémeo de Diana, deusa da lua, da caça e das florestas, Apolo foi associado ao sol e à guerra, mas também à música, à dança e à poesia.

Gema, data desconhecida. Vidro. Museu Calouste Gulbenkian
Molde para gema, data desconhecida. Museu Calouste Gulbenkian

Apolo está representado de diferentes formas no Museu Calouste Gulbenkian: encontramo-lo em gemas, em moedas e em medalhões, geralmente com o cabelo comprido, esvoaçante, e um diadema. No entanto, a mais notável representação do deus na coleção é provavelmente a escultura de Jean-Antoine Houdon, que dá as boas-vindas aos visitantes, no átrio do edifício do Museu.

Calouste Gulbenkian adquiriu esta obra em 1917. A pose da figura e a clara influência clássica sugerem que o escultor se terá inspirado na famosa escultura Apolo Belvedere, descoberta no século XV, hoje nos Museus Vaticanos – não se sabe ao certo quando foi realizada, mas trata-se de uma cópia de um original grego atribuído a Leocares, datada de c. 350-325 a. C.

Contudo, ao contrário da escultura romana que seguraria um arco, um dos atributos que acompanham muitas das suas representações, o Apolo em bronze de Houdon tem uma lira na mão esquerda, outro dos símbolos a que foi associado. Usada com frequência na Grécia Antiga, a lira terá tido origem num outro instrumento de cordas, o chelys, cujo nome deriva da palavra grega que significa tartaruga, numa referência ao material de construção da caixa-de-ressonância.

Em vez de tocar com os dedos, como numa harpa, o tocador de lira fazia uso de um plectro, uma espécie de palheta, que seguraria na mão direita; com a mão esquerda, silenciavam-se as cordas que não estavam a ser usadas. As cordas sofreram variações ao longo dos tempos no que diz respeito ao número, sendo feitas de tripa ou de tendões de boi ou carneiro.

Existem diferentes variantes da lira espalhadas por todo o mundo. Em 2012, foi encontrado, na Escócia, um pedaço de madeira queimado que faria parte de uma lira com mais de 2300 anos. Este é, possivelmente, o instrumento de cordas mais antigo da Europa a chegar aos dias de hoje – embora se conheçam vários registos gráficos, o material de construção destes objetos, a madeira, dificultava a sua sobrevivência.

 


Uma Coleção com Histórias

Em 2020, partilhámos semanalmente uma história sobre a coleção de Calouste Gulbenkian. Os artigos desta rubrica referem-se à coleção do Museu Calouste Gulbenkian como Coleção do Fundador.

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