Achille Duchêne: um jardim-terraço em Paris e um parque na Normandia

Uma coleção com histórias: em 2020, partilhámos semanalmente uma história sobre a coleção de Calouste Gulbenkian. O mês de dezembro foi dedicado ao «hôtel Gulbenkian».
11 dez 2020

O gosto de Calouste Gulbenkian pela natureza encontra-se documentado não só em cartas e nos registos pessoais que fazia das suas visitas a jardins, mas também no conjunto de recortes e de revistas da especialidade que colecionou. Este gosto refletiu-se naturalmente nas suas aquisições, nomeadamente nas pinturas de paisagens inglesas e francesas de Oitocentos, que o colecionador adquiriu em grande número. Artistas como Daubigny, Millet ou Corot povoaram as paredes da sua casa em Paris e encontram-se, atualmente, na exposição permanente da Coleção do Museu Calouste Gulbenkian.

Embora o hôtel particulier se situasse no coração da capital francesa, Calouste Gulbenkian fez questão de se aproximar da natureza, encomendando a construção de um jardim-terraço junto dos seus aposentos privados, com vista para o Arco do Triunfo e para a Avenue d’Iéna. O terraço, que combinava elementos de inspiração clássica e da tradição oriental, foi projetado por Achille Duchêne (1866‑1947), um dos arquitetos paisagistas franceses mais solicitados do início do século XX, igualmente responsável pela decoração da boiserie do quarto do colecionador.

Com pavimento em mármore preto e branco, ao estilo «romano», também desenhado por Duchêne, o terraço, terminado em 1933, encontrava-se decorado por vários tipos de mosaicos e foi construído com materiais de grande qualidade. A complementar a decoração encontrava-se a escultura Cupido Triunfante, da autoria do artista alemão Konrad Heinrich Schweickle.

Jardim-terraço da residência de Calouste Gulbenkian no n.º 51 da Avenue d’Iéna
Jardim-terraço da residência de Calouste Gulbenkian no n.º 51 da Avenue d’Iéna

Em 1937, Gulbenkian adquiriu uma propriedade de 34 hectares na Normandia, junto a Deauville, onde decidiu criar um jardim. Mais uma vez, Achille Duchêne foi convidado a projetar «Les Enclos», como ficou conhecido. O colecionador retirava-se neste jardim para usufruir da sombra das grandes árvores e estar mais perto da natureza. Durante o período que viveu em Portugal, manteve contacto com os responsáveis pela manutenção da propriedade, dando sugestões de plantio e solicitando a remessa de frutos do seu pomar.

Achille Duchêne deixou a sua marca em vários pontos de França, mas também noutros lugares do mundo, como Inglaterra, Alemanha, Países Baixos ou Argentina. Aprendiz do seu pai, Henri Duchêne, desenhou jardins para várias importantes personalidades e em 1935 publicou o livro Les Jardins de l’avenir. Hier. Aujourd’hui. Demain sobre a sua visão futurista dos jardins.


Uma Coleção com Histórias

Em 2020, partilhámos semanalmente uma história sobre a coleção de Calouste Gulbenkian. Os artigos desta rubrica referem-se à coleção do Museu Calouste Gulbenkian como Coleção do Fundador.

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