Balzac e a «Comédia Humana»
A presença da obra literária de Honoré de Balzac (1799-1850) nesta sala preenche uma aparente lacuna na coleção reunida por Calouste Gulbenkian no que diz respeito à pintura, ou seja, a inexistência de obras dos pintores do Realismo – aparente na medida em que Gulbenkian adquiriu duas telas de Gustave Courbet (1819-1877), o pioneiro desta corrente comprometida com uma pintura que negava a imaginação e abraçava o «real». As duas obras, um retrato e uma paisagem, foram doadas pelo colecionador, em vida, ao Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa (1950 e 1951).
As obras de Honoré de Balzac aqui apresentadas interessaram a Calouste Gulbenkian sobretudo por se encontrarem ilustradas com desenhos originais e gravuras a água-forte, componentes fundamentais para um melhor entendimento da Comédia Humana. Esta foi a classificação que o escritor encontrou para definir o conjunto da sua obra, que integra romances, contos, ensaios, e que constitui o que alguns autores definiram como uma «história natural da sociedade» do seu tempo.