Francisco Tropa
O Pirgo de Chaves
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- Encerra à Terça
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Coleção do Fundador – Galerias do Museu e Galeria do piso inferior Av. de Berna, 45A, LisboaFrancisco Tropa (Lisboa, 1968) desenvolve para o Espaço Conversas um projeto de cruzamento entre a escultura contemporânea e a arqueologia, que conta com a colaboração do arqueólogo Sérgio Carneiro.
O ponto de partida desta exposição é um pirgo ou «turrícula» de bronze encontrado nas recém-descobertas Termas Romanas de Chaves. Este objeto escultórico único do período romano, não é mais do que uma torre para lançar dados de jogar. O artista coloca-o no centro de um projeto que convoca noções de tempo e origem (desde logo da própria escultura); história e acaso; corpo, jogo e morte.
Francisco Tropa é um artista português com um percurso nacional consolidado, iniciado nos anos de 1990. Nos últimos anos tem conquistado crescente atenção por parte da crítica, no âmbito institucional e no circuito internacional, com participações na Bienal de Veneza (2011), Bienal de Istambul (2011), Manifesta (2000), Bienal de Melbourne (1999), e Bienal de São Paulo (1998).
Curadoria: Sérgio Carneiro e Penelope Curtis
SCRIPTA
VISTA GERAL DA EXPOSIÇÃO
PROGRAMAÇÃO COMPLEMENTAR
À conversa com o curador Sérgio Carneiro e o artista Francisco Tropa
Sexta, 1 março, 17:00
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Visitas orientadas
Sábados, 9 março, 13 abril e 1 junho, 15:00
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Visitas para escolas e grupos organizados
Mediante marcação prévia
217 823 800 (dias úteis das 10:00 às 13:00)
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Mais informações
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– PúblicoTrata-se de uma exposição notável e intensa onde os planos do mundo, da história e da arte se fundem e formam um plano único.
Temas
As Termas de Chaves
A catástrofe
O Pirgo de Chaves
A Inscrição do Pirgo
Francisco Tropa
Scripta
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As Termas de Chaves
As Termas Medicinais Romanas de Chaves (Aquae Flaviae) representam o maior e mais bem preservado complexo deste género em toda a Península Ibérica. Por outro lado, é também um dos poucos em todo o Império Romano a ter sido escavado recentemente.
As termas compreendem duas grandes piscinas e oito de menores dimensões, para uso individual; um pátio murado; um templo dedicado às ninfas; e um sistema de captação, abastecimento e escoamento das águas termais que ainda se encontra em funcionamento. Ainda hoje, as águas continuam a brotar do solo à temperatura de 65º C, enchendo todas as piscinas.
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A catástrofe
O complexo foi construído no século I d.C. e, cerca de duzentos anos depois, um terramoto destruiu o edifício principal provocando a derrocada da abóboda. Sepultado sob toneladas de tijolos partidos e escombros, um espólio de raros objetos pessoais foi preservado pela lama, oferecendo-nos agora uma perspetiva única da vida quotidiana dos aquistas que se banhavam nas águas medicinais no momento da catástrofe, cujas ossadas foram também encontradas. Tal como em Pompeia, uma catástrofe natural deu origem a uma cápsula do tempo de valor inestimável.
Aqueles que se podiam dar ao luxo de interromper o trabalho quotidiano para passar uma quinzena numa cidade termal como Aquae Flaviae, dispunham de muito tempo livre para se entregarem a atividades de lazer, como jogar.
As escavações arqueológicas no local permitiram encontrar diversos artefactos, incluindo tabuleiros de jogo, gravados nos degraus de pedra de uma das piscinas e num tijolo, bem como dados, peças de jogo e uma torre de dados em bronze, de que se conhecem, até ao momento, apenas dois outros exemplares. É este o pirgo de Chaves.
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O Pirgo de Chaves
Uma raríssima torre de jogo, ou pirgo, encontrava-se entre os numerosos artefactos descobertos em Chaves e é agora exposta pela primeira vez. Este objeto servia para lançar dados evitando a batota e era conhecido entre os romanos como pyrgus ou turrícula.
Durante as escavações arqueológicas, o pirgo foi encontrado com os respetivos dados, esmagado sob os escombros do edifício e próximo de dois esqueletos que poderiam estar a jogar à beira da piscina no momento do terramoto. O pirgo de Chaves é uma pequena torre em bronze recortado para formar um padrão geométrico ou vegetalista complexo.
Embora as referências literárias e iconográficas a este tipo de artefactos façam supor que o seu uso era bastante frequente, poucos exemplares chegaram até aos nossos dias.
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A Inscrição do Pirgo
A inclusão de inscrições era bastante comum e o pirgo exposto contém a seguinte:
«Bem como correndo das barreiras por vezes a quadriga rola, assim também o dado lançado cai pelas escadas do pirgo. Feito na oficina de Sorico. Usai com sorte.»
Esta comparação entre o jogo dos dados e as corridas de quadrigas era uma imagem poderosa.
A saída intempestiva das quadrigas ao abrirem-se em simultâneo as barreiras – um mecanismo que, tal como o pirgo, servia para garantir a imparcialidade à saída das corrigas de cavalos -, é um tema prevalecente na iconografia e literatura romanas.
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Francisco Tropa
Francisco Tropa e o arqueólogo Sérgio Carneiro estabeleceram um diálogo constante desde o início das escavações arqueológicas do complexo das Termas Medicinais Romanas de Chaves.
Dispersa pelo espaço expositivo, encontra-se uma série de jogos feitos e dispostos por Francisco Tropa, todos eles baseados no conceito de jogar e que tiveram como ponto de partida o pirgo e outros objetos provenientes de Chaves relacionados com o jogo e a escrita.
A obra de Francisco Tropa evoca, por vezes, objetos desenterrados e assenta no facto do nosso modo de contar, lançar e apostar ser baseado em sistemas simples de contagem.
As peças de Francisco Tropa foram realizadas ao longo da última década e, em muitos casos, neste último ano. A maioria delas envolveu a fundição em bronze, um processo cuja fidelidade tem fascinado o artista, que em muitos destes jogos explora as relações entre o original e as suas réplicas. Com efeito, a par de objetos naturais como conchas e seixos, encontramos aqui as suas reproduções em bronze.
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Scripta
Tropa deu a todos os seus jogos a denominação de «Scripta», remetendo para os tabuleiros de jogo formulados através de inscrições e encontrados em vários pontos do Império Romano, gravados no chão ou em placas.
Habitualmente, o tabuleiro de jogo é muito simples: um pedaço de tecido que se pode dobrar, enrolar, ou até guardar no bolso. Francisco Tropa gosta de objetos portáteis e reposicionáveis, e, apesar destes jogos não poderem ser realmente jogados, é possível imaginar como o seriam. O artista dispõe os tabuleiros sempre de forma diferente: não existem padrões fixos, e Tropa alude constantemente aos jogos de sorte.