A Tapeçaria: João Abel Manta e Maria Helena Vieira da Silva
Para a inauguração do Museu e Sede da Fundação Calouste Gulbenkian foram realizados vários concursos para a decoração dos edifícios, envolvendo artistas, sobretudo nacionais.
Para a Sala de Honra da Sede, abriu um concurso público para a escolha de quatro cartões destinados à execução de tapeçarias: inscreveram-se a concurso 163 artistas, dos quais 48 entregaram trabalhos. Os cartões de João Abel Manta foram classificados em primeiro lugar, por unanimidade e com louvor, sendo entregues prémios de compensação a Júlio Pomar, Manuela Jorge, Lino António, Espiga Pinto e Tomás Mateus. No dia 22 de setembro de 1967 inaugurou, na Galeria da Fundação, uma exposição com todos os trabalhos apresentados a concurso. A harmonia e sobriedade dos cartões de Abel Manta destacam as linhas verticais, numa composição que as Tapeçarias de Portalegre souberam produzir para tapeçaria com excecional primazia.
Foi igualmente em torno da tapeçaria, de uma escola nacional moderna que existiu e que a Fundação deste modo também incentivou, que surgiu a encomenda à Manufatura de Tapeçarias de Portalegre, em 1968, da tapeçaria Janela de Maria Helena Vieira da Silva. Uma janela, ou várias janelas que se sobrepõem, esta tapeçaria faz parte de um conjunto de tapeçarias a partir de obras da Vieira da Silva executadas pela Manufatura de Portalegre, que a artista apreciava. O seu contacto com o têxtil começou cedo, embora nunca executados, a artista realizou maquetas de tecidos e tapetes para um ateliê parisiense, logo em 1929.
A Janela foi uma obra muito acarinhada pelo Dr. José de Azeredo Perdigão, decorando o seu gabinete na Fundação. O mesmo aconteceu mais tarde com o Dr. Rui Vilar, que manteve a tapeçaria no seu gabinete alguns anos durante a sua presidência na Gulbenkian.