Gaëtan. Terra de Ninguém, 1981 – 1995

Exposição individual retrospetiva do artista Gaëtan (1944), organizada pelo Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão. A mostra, dedicada ao autorretrato realizado sobre papel, abrangeu o trabalho do artista entre os anos de 1981 e 1995.
Solo retrospective exhibition on the artist Gaëtan (1944) organised by the José de Azeredo Perdigão Modern Art Centre. The show, dedicated to self-portraiture on paper, covered the artist’s work between 1981 and 1995.

Exposição individual, de caráter retrospetivo, do artista português Gaëtan Lampo Martins de Oliveira (1944-2019), organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian e apresentada no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão (CAMJAP). Mostrou trabalhos realizados entre os anos de 1981 e 1995.

Ocupando a totalidade do piso inferior do Centro de Arte Moderna, a mostra apresentou quinze anos de autorretratos, «muitas dezenas de rostos (o mesmo rosto)», desenhados a carvão, grafite ou tinta-da-china, todos sobre papel – suporte que, nas palavras de Gaëtan, representava «uma espécie de ersatz, ou de prolongamento do corpo» (Texto [entrevista], 1996, Arquivos Gulbenkian, CAM 00371).

Nascido em Luanda, em 1944, Gaëtan iniciou a sua atividade artística numa exposição coletiva em 1977, tendo tido a primeira individual em 1978, na Módulo, do Porto. Em 1980, participou na Bienal de Paris, mas «foi em 1981 que Gaëtan começou a fazer os primeiros auto-retratos, que iria expor um ano mais tarde, sob o título “Algum Retrato”, na SNBA» (Nunes, JL. Jornal de Letras, Artes e Ideias, 17 jul. 1996). A partir do final dos anos 80, o autorretrato – que Gaëtan fazia em frente ao espelho, com uma regularidade praticamente diária – tornar-se-ia o único tema do seu trabalho.

Entre uma «quase total ausência cromática e com uma grande economia de meios», o visitante era confrontado com «olhares irónicos, expressões graves ou divertidas», desenhados com a mão esquerda – Gaëtan era dextro, mas só usava a mão direita para acabamentos, «num esforço para libertar o desenho, dar-lhe um sentido abstracto, afastar da sua arte quaisquer laivos de academicismo ou de preciosismo destrutivo» (Faria, JL. Jornal de Letras, Artes e Ideias, 17 jul. 1996).

A exposição poderia ter sido denominada, de acordo com Jorge Molder, diretor do CAMJAP, «História de um Rosto», por «perseguir o corpo ao longo do tempo, mais particularmente o rosto, o seu rosto marcado pelo tempo», mas «acabaria por chamar-se “Terra de Ninguém”. Porque, ao equacionar os trabalhos de quinze anos nela expostos, tornou-se evidente para Gaëtan que se tratava de um “processo de desencarnação”» (Nunes, JL. Jornal de Letras, Artes e Ideias, 17 jul. 1996).

Entre as obras apresentadas na Fundação Calouste Gulbenkian, distingue-se a série D'Après Nature (1993-1994), constituída por 12 desenhos, organizados em dois grupos: «6 desenhados por um traço simples que configura as grandes linhas do rosto; 6 formados por copiosos rabiscos que conformam, com legibilidade desigual, a mancha do rosto» (Gaëtan. Terra de Ninguém, 1981-1995, 1996).

Convocando o tema da relação entre obra e moldura, a série Contra Mundum (1988) merece igualmente destaque. Constituída por nove desenhos a tinta-da-china, com molduras concebidas pelo autor, neles Gaëtan «põe e expõe, linear e surpreendentemente, uma questão que é debatida há séculos pelos mais variados artistas e movimentos artísticos, o papel do quadro na sua relação com a imagem» (Faria, JL. Jornal de Letras, Artes e Ideias, 17 jul. 1996).

O catálogo, além da reprodução fotográfica dos desenhos em exposição, contou com a introdução de Jorge Molder e um ensaio de Manuel Castro Caldas, autor para quem as composições de Gaëtan surgem como exercícios que desafiam os limites da representação figurativa através do recurso à seriação de um motivo, propósito evidenciado no conjunto de autorretratos selecionados para esta exposição.

No ano anterior à apresentação de «Terra de Ninguém», a Fundação Calouste Gulbenkian tinha adquirido a série D'Après Nature (1993-1994) (Inv. DP1653) e, em 1993, já teria enriquecido a sua coleção de arte moderna com a aquisição da série La Chambre Verte (1992-1993) (Invs. DP1617 a DP1624).

Joana Atalaia, 2018


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

A arte da fuga - I - La chambre verte

Gaëtan (1944-2019)

A arte da fuga - I - La chambre verte, 13-12-1992 / Inv. DP1617

A arte da fuga - I - La chambre verte

Gaëtan (1944-2019)

A arte da fuga - I - La chambre verte, 11/07/1992 / Inv. DP1623

A arte da fuga - I - La chambre verte

Gaëtan (1944-2019)

A arte da fuga - I - La chambre verte, 10/01/1993 / Inv. DP1620

Gaëtan (1944-2019)

A arte da fuga - I - La chambre verte, 12/07/1992 / Inv. DP1622

A arte da fuga - I - La chambre verte

Gaëtan (1944-2019)

A arte da fuga - I - La chambre verte, 03/01/1993 / Inv. DP1618

A arte da fuga - I - La chambre verte

Gaëtan (1944-2019)

A arte da fuga - I - La chambre verte, 09/07/1992 / Inv. DP1619

A arte da fuga - I - La chambre verte

Gaëtan (1944-2019)

A arte da fuga - I - La chambre verte, 24/01/1993 / Inv. DP1621

A arte da fuga - I - La chambre verte

Gaëtan (1944-2019)

A arte da fuga - I - La chambre verte, 17/01/1993 / Inv. DP1624

D'après nature

Gaëtan (1944-2019)

D'après nature, 31-10-1993/94 / Inv. DP1654

D'après nature

Gaëtan (1944-2019)

D'après nature, 01/11/1993 / Inv. DP1653


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

Encontro com o Artista. Gaëtan

25 jun 1996
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Galeria Piso 01
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00372

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém textos do catálogo, convite para a exposição, lista de obras e outra documentação de caráter organizativo. 1996 – 1996

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00371

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém textos do catálogo, convite para a exposição e outra documentação de caráter organizativo. 1996 – 1996


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