Ana Hatherly. Hand Made. Obra Recente

Exposição individual de Ana Hatherly (1929-2015), na qual se apresentaram desenhos e pinturas produzidos entre 1994 e 2000. Entre os objetos expostos, destaca-se um significativo conjunto de caligramas, que a artista vinha desenvolvendo desde 1967.
Solo exhibition on Ana Hatherly (1929-2015) featuring drawings and paintings dating from between 1994 and 2000. The show notably included a selection of calligrams, “written drawings”, that the artist had been making since 1967.

Exposição individual de Ana Hatherly (1929-2015), na qual a artista apresentava o seu trabalho recente. Foram reunidos desenhos e pinturas produzidos entre 1994 e 2000.

Numa entrevista concedida a Ruth Rosengarten, Hatherly explica o título da exposição, afirmando: «Quis acentuar aquilo que é uma constante na minha linha de trabalho, e que é o facto de ao longo de quarenta anos realizar tudo à mão. Isto é, todo o meu trabalho é manual. […] Sou uma artista da linha da escrita – e essa escrita é uma escrita manual.» (Rosengarten, «Ana Hatherly. Queda livre», Arte Ibérica, mai. 2000, p. 10)

Dos trabalhos sobre papel, destaca-se um significativo conjunto de caligramas que a artista vinha desenvolvendo desde 1967 e através dos quais trabalhava a escrita enquanto signo visual. Apesar de nestes figurarem palavras, o que era determinante, segundo Hatherly, era que se visse «a escrita e não o escrito» (Ibid., p. 13). A contrastar com a sobriedade e detalhe destes últimos, encontravam-se as coloridas colagens de Letraset, intituladas Labirintos de Letras e de Números (1994-1997), que em termos visuais (mensagens fragmentadas, letras perdidas) lembravam as Descolagens da Cidade que a artista realizara em 1977, também elas labirintos de sentido e imagem. Em duas vitrinas, foram ainda expostos alguns dos seus livros pintados, como Viagem à Índia (1996-1997) e Os Dentes de Cadmo (1993-1999), que revelavam a íntima relação da artista com o desenho.

Ao longo deste período, Hatherly não se afastara da pequena escala, como se torna evidente nas cinco séries de pinturas apresentadas. Estas pareciam, no entanto, revelar duas linhas de trabalho. As séries Labirintos Urbanos (1999), Escrita-Gesto (2000) e Handmade (2000) vinham na continuidade das suas obras pictóricas anteriores, que, como a artista esclarece, «inserem-se na igualmente longa tradição dos poetas-pintores que se interessaram pela dimensão plástica e gestual da escrita» (Ana Hatherly. Obra Visual, 1960-1990, 1992, p. 83). No entanto, qualquer relação com a obra de Henri Michaux fora imediatamente negada pela artista: «O Michaux é um homem da alucinação… Eu sou da lucidez.» (Rosengarten, Ibid.)

Nas séries Car Wash (1999), A Neve (2000) e nas pinturas Night (1998), Day (1998), entre outras, os signos negros sobre fundo branco davam lugar a uma profusão, mais ou menos densa, de manchas rarefeitas, por vezes com alguns apontamentos de cor. Na opinião de Jorge Molder, estas pareciam indicar «um desejo de afastamento do paradigma da escrita, indissociável da obra desta artista»; porém, logo de seguida o autor constata: «Mas de igual forma cabem na escrita os sinais que a fazem e organizam, tanto quanto os movimentos que a apagam, a riscam, a destroem e a disfarçam» (Ana Hatherly. Hand Made. Obra Recente, 2000). De facto, a escrita está sempre por trás da obra de Hatherly.

Na sequência desta exposição, o Centro de Arte Moderna adquiriu para a sua coleção onze dos desenhos expostos.

Mariana Roquette Teixeira, 2018


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

Escuta o conto profano

Ana Hatherly (1929-2015)

Escuta o conto profano, Inv. DP1770

Love letter puzzle

Ana Hatherly (1929-2015)

Love letter puzzle, Inv. DP1768

Não me lembro

Ana Hatherly (1929-2015)

Não me lembro, Inv. DP1760

O encontro

Ana Hatherly (1929-2015)

O encontro, Inv. DP1762

O mar que se quebra

Ana Hatherly (1929-2015)

O mar que se quebra, Inv. DP1769

O novo, não o livre

Ana Hatherly (1929-2015)

O novo, não o livre, Inv. DP1766

O sonho da abundância

Ana Hatherly (1929-2015)

O sonho da abundância, Inv. DP1763

Onde

Ana Hatherly (1929-2015)

Onde, Inv. DP1767

Os anjos suspensos (homenagem a Borloch)

Ana Hatherly (1929-2015)

Os anjos suspensos (homenagem a Borloch), Inv. DP1761

Salva a Alma!

Ana Hatherly (1929-2015)

Salva a Alma!, Inv. DP1764

Viagem à India IV

Ana Hatherly (1929-2015)

Viagem à India IV, Inv. DP1711

Escuta o conto profano

Ana Hatherly (1929-2015)

Escuta o conto profano, Inv. DP1770

Love letter puzzle

Ana Hatherly (1929-2015)

Love letter puzzle, Inv. DP1768

Não me lembro

Ana Hatherly (1929-2015)

Não me lembro, Inv. DP1760

O encontro

Ana Hatherly (1929-2015)

O encontro, Inv. DP1762

O mar que se quebra

Ana Hatherly (1929-2015)

O mar que se quebra, Inv. DP1769

O novo, não o livre

Ana Hatherly (1929-2015)

O novo, não o livre, Inv. DP1766

O sonho da abundância

Ana Hatherly (1929-2015)

O sonho da abundância, Inv. DP1763

Onde

Ana Hatherly (1929-2015)

Onde, Inv. DP1767

Os anjos suspensos (homenagem a Borloch)

Ana Hatherly (1929-2015)

Os anjos suspensos (homenagem a Borloch), Inv. DP1761

Salva a Alma!

Ana Hatherly (1929-2015)

Salva a Alma!, Inv. DP1764


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

[Ana Hatherly. Hand Made. Obra Recente]

14 mai 2000 – 21 mai 2000
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Sala de Exposições Temporárias
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00489

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência, projeto da exposição, lista de obras, texto para o catálogo, lista de convidados da artista para a inauguração, convite. 2000 – 2000


Exposições Relacionadas

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