Arshile Gorky. Trabalhos sobre Papel

Exposição itinerante de trabalhos sobre papel de Arshile Gorky (1904-1948), organizada pela Peggy Guggenheim Collection (Veneza), com curadoria de Philip Rylands e Matthew Spender. Reunindo trabalhos de 1932 a 1947, esta mostra procurava dar a conhecer o percurso artístico do artista arménio através do desenho, prática determinante na sua obra.
Travelling exhibition of works on paper by Arshile Gorky (1904-1948), organised by the Peggy Guggenheim Collection (Venice) and curated by Philip Rylands and Matthew Spender. The show featured a selection of works dating from between 1932 and 1947 that revealed the Armenian artist’s trajectory in a display of Gorky’s defining technique: drawing. 

Exposição de trabalhos sobre papel de Arshile Gorky (1904-1948), organizada pela Peggy Guggenheim Collection (Veneza). Esta exposição itinerante, comissariada por Philip Rylands (vice-diretor da Peggy Guggenheim Collection) e Matthew Spender, genro e biógrafo de Gorky, foi apresentada na Peggy Guggenheim Collection (Veneza) e no Palazzo delle Esposizioni (Roma), antes de ocupar a Galeria do piso 01 do Centro de Arte Moderna (CAM).

No texto de apresentação para o catálogo, José Sommer Ribeiro conta como esta proposta de exposição foi acolhida com entusiasmo, uma vez que permitia «apresentar novamente ao público português trabalhos sobre papel de Arshile Gorky, que […] se encontra representado no Centro de Arte Moderna no núcleo de artistas arménios […] enriquecido graças à colaboração do Serviço de Comunidades Arménias» da Fundação Calouste Gulbenkian (Arshile Gorky. Trabalhos sobre Papel. Works on Paper, 1993, p. 5).

Dois anos antes, a mostra da coleção do CAM integrara um núcleo dedicado a artistas arménios (Relatório Anual 1991, 1992, p. 48), do qual se destacavam as obras de Gorky, não só as pertencentes à coleção do CAM, mas também à Mooradian Collection (Carta de José Sommer Ribeiro para Renata Rossani, 23 abr. 1993, Arquivos Gulbenkian, CAM 00271), que dera origem à mostra «Arshile Gorky», apresentada na Sala de Exposições Temporárias do CAM, em 1984.

O apoio do Serviço de Comunidades Arménias para a promoção de artistas de origem arménia foi igualmente preponderante para a apresentação desta exposição na Fundação, dado que o programa e o orçamento do CAM para 1993 já se encontravam aprovados aquando da proposta da Peggy Guggenheim Collection (Apontamento de José Sommer Ribeiro para Pedro Tamen, 12 mar. 1993, Arquivos Gulbenkian, CAM 00271).

Esta mostra procurava dar a conhecer o percurso artístico de Gorky através do desenho, reunindo trabalhos a grafite, lápis de cera, pastel seco, giz, tinta-da-china, guache e aguarela realizados entre 1932 – quando o artista já residia nos Estados Unidos da América e dedicava grande parte do seu tempo ao estudo da vanguarda europeia através de visitas a museus – e 1947, ano anterior à sua trágica morte.

A prática do desenho é determinante na obra de Gorky, seja ao longo do seu período de formação, seja quando desenvolve uma linguagem própria. Melvin P. Lader abre o seu texto para o catálogo com uma citação do artista que é paradigmática da importância que este atribuía ao desenho, e que parecia aproximá-lo mais dos artistas do Primeiro Modernismo do que dos seus contemporâneos norte-americanos: «O desenho é a base da arte. […] É o caminho que conduz à obra-prima.» (Arshile Gorky. Trabalhos sobre Papel. Works on Paper, 1993, p. 15)

Os trabalhos selecionados revelavam diferentes usos do desenho, não só como suporte da pintura, mas também enquanto obra de arte em si. Assim, foram expostos estudos para pinturas a óleo (Study for Organization, c. 1935; Study for the Scent of Apricots, c. 1944; Study for Charred Beloved, 1946) e projetos murais (Study for Mural «1934», c. 1934; Study for Transport by Air, Sea and Rail, c. 1939; Study for a Mural, c. 1942), bem como retratos (Portrait of Frederick Kiesler, c. 1943), esboços e experiências com diferentes materiais e técnicas.

O percurso expositivo baseava-se na cronologia das obras, revelando o modo como o artista foi desenvolvendo o seu trabalho, desde a assimilação formal, compositiva, técnica e temática da produção daqueles que via como mestres, como Ingres, Paul Cézanne, Pablo Picasso e Joan Miró, passando pela fusão de elementos do cubismo e do surrealismo, evidente em Study for Nighttime Enigma and Nostalgia (1932), até às obras abstratas inspiradas em imagens da natureza misturadas com memórias da sua infância, que marcam a década de 1940 e que fascinaram André Breton, que a seu propósito afirmara: «Esta é uma arte inteiramente nova, diametralmente oposta a tudo o que as tendências de moda e confusão tendem actualmente a impingir-nos como surrealismo.» (Arshile Gorky. Trabalhos sobre Papel. Works on Paper, 1993, p. 11)

A exposição culminava na produção dos últimos anos de vida de Gorky, reunindo trabalhos que davam continuidade a pesquisas anteriores e outros que consistiam em versões de desenhos antigos. Deste período foram ainda destacados alguns trabalhos como Study for Agonia (1946), Study for The Orators (c. 1947), associados a momentos dramáticos da vida do artista e a recordações dolorosas que sempre o acompanharam.

A leitura biográfica da obra de Gorky, que esta exposição aprofundava, era reforçada pelo catálogo que a acompanhava.

Mariana Roquette Teixeira, 2018


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Pedro Tamen (à esq.), Mathew Spender (ao centro) e Roberto Gulbenkian (à dir.)

Documentação


Periódicos


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00271

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência, lista de obras, orçamentos para o catálogo, tradução dos textos para o catálogo, convite, recortes de imprensa. 1992 – 1994

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/044-D02946

Coleção fotográfica: inauguração (FCG-CAMJAP, FCG) 1993


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