Zao Wou-Ki. Óleos, Aguadas

Exposição itinerante e individual do artista chinês Zao Wou-Ki (1921-2013), que viveu em Paris, onde estabeleceu estreito contacto com Maria Helena Vieira da Silva, Arpad Szenes e outros artistas da designada Escola de Paris. A mostra apresentou uma seleção significativa de óleos e aguadas que abrangiam trinta e cinco anos de trabalho (1955-1990).
Travelling solo exhibition on Chinese artist Zao Wou-Ki (1921-2013), who lived in Paris, where the artist was in direct contact with Maria Helena Vieira da Silva, Árpád Szenes and other artists belonging to the School of Paris. The show presented a notable selection of oil and wash paintings covering thirty-five years of the artist’s career (1955-1990).

Exposição individual do artista chinês Zao Wou-Ki (1921-2013), que aos 27 anos se mudou para Paris, onde estabeleceu amizade com Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes.

Organizada pela Association Française d'Action Artistique – Ministère des Affaires Étrangères, esta mostra era apresentada, segundo a Embaixada de França em Portugal, «dans le cadre des échanges culturels entre le Portugal et la France, à l'occasion des manifestations liées à la Commémoration des Découvertes et à la Présidence Portugaise des Communautés Européennes» (Carta de Jean-Marie Charriez para José Sommer Ribeiro, 17 jan. 1992, Arquivos Gulbenkian, SEM 00697). Em termos programáticos, José Sommer Ribeiro enquadra-a num conjunto de exposições, que tiveram lugar na Fundação Calouste Gulbenkian, com as quais a instituição procurou dar a conhecer ao público português a obra de alguns artistas da designada Escola de Paris. Além das mostras temáticas «Um Século de Pintura Francesa, 1850-1950» (1965) e «Escola de Paris, 1956-1976» (1979), na qual Zao Wou-Ki viu o seu trabalho representado, várias exposições individuais mostraram o percurso de artistas como Sonia e Robert Delaunay (1972), Alfred Manessier (1973), Pierre Soulages (1975), Vieira da Silva (1970, 1974, 1977) e Arpad Szenes (1972, 1983).

Com cocuradoria de Jean Leymarie, comissário da exposição retrospetiva «Zao Wou-Ki, peintures, encres de Chine» (Galeries Nationales du Grand Palais, 1981), e de Patrice Bachelard, esta exposição apresentava uma seleção significativa de óleos e aguadas, abrangendo 35 anos de trabalho (desde 1955 a 1990) de Zao Wou-Ki.

A obra mais antiga que foi exposta – Homenagem a Chu-Yun (1955) – data dos primeiros anos do artista em Paris, marcando o afastamento de Zao Wou-Ki da figuração. Por outro lado, nesta pintura e em Nuage (1956) vislumbram-se alguns caracteres chineses, que as ligam às raízes do artista. Um conjunto de seis trabalhos, das décadas de 1960 e início de 1970, mostravam como o artista ingressou na art informel, dando a conhecer algumas das suas pesquisas. Os trabalhos expostos, datados dos anos 60, revelam alguns aspetos em comum com as «explosões» de Georges Mathieu, diferenciando-se destas em termos cromáticos. Ao refletir sobre esse período, Zao Wou-Ki afirmara: «A partir desses anos deixei-me submergir pela minha liberdade, que foi o meu único guia, pois já não tinha nenhuma preocupação de ordem técnica. […] Procurava exprimir o movimento, a sua lentidão ou a sua fulgurância; queria fazer vibrar a superfície da tela graças a contrastes e às múltiplas vibrações da própria cor. Procurava o centro que irradiasse.» (Zao Wou-Ki. Óleos, Aguadas, 1992)

Com maior representação na exposição encontrava-se o corpo de trabalho desenvolvido entre 1980 até 1990, do qual fazia parte uma seleção de pinturas a óleo e aguadas a tinta-da-china. A disposição das obras regeu-se por critérios de ordem formal e técnica.

As pinturas a óleo de grandes dimensões, muitas delas dípticos e trípticos, foram expostas em painéis posicionados, paralelamente ou perpendicularmente entre si, ao longo do espaço, revelando continuidades, ruturas e ressurgimentos. A fim de evitar o excesso de fragmentação e compartimentação, este projeto museográfico tirava partido da amplitude da Galeria de Exposições Temporárias da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian (piso 0), mantendo a fluidez do espaço.

As aguadas, que revelam um retorno da tinta-da-china à obra de Zao Wou-Ki, foram agrupadas num único núcleo, o único a preto-e-branco. Datadas do período de 1980-1990, estas ajudavam a compreender as transformações ocorridas na pintura deste artista ao longo da década de 1980. As marcas da pincelada livre ou as camadas espessas aplicadas com espátula deram progressivamente lugar a manchas homogéneas, a transparências, fusões de cores suaves e luminosas. Estes ambientes etéreos aproximam-se, pela sua leveza, das aguadas suas contemporâneas, parecendo versões coloridas e a grande escala destas últimas.

As experiências com esta técnica tradicional de pintura chinesa, que durante muito tempo o artista pareceu querer esquecer, reforçavam a ideia defendida por Claude Roy ao afirmar que a obra de Zao Wou-Ki era «um desmentido modesto e definitivo […] sobre a incompatibilidade fundamental do Ocidente e Oriente» (Zao Wou-Ki. Óleos, Aguadas, 1992).

Depois de apresentada em Lisboa, esta exposição viajou para Luxemburgo, onde esteve patente no Musée National d'Histoire et d'Art e no Château de Vianden.

Mariana Roquette Teixeira, 2018


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

Sem título

Zao Wou-Ki (1920-2013)

Sem título, 1984 / Inv. DE137

Sem título

Zao Wou-Ki (1920-2013)

Sem título, 1984 / Inv. DE137


Publicações


Material Gráfico


Fotografias


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00697

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência, orçamentos para convites, cartaz e catálogo, lista de obras, material para o catálogo, comunicado de imprensa, convite, recortes de imprensa. 1988 – 1992

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0274-D00884

Coleção fotográfica: aspetos (FCG, Lisboa) 1992


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