Colecção Beatriz e Mário Pimenta Camargo

Exposição de obras da Coleção Beatriz e Mário Pimenta Camargo, que apresentou um panorama da arte brasileira colonial, do século XVII ao século XX. Organizada em parceria com a Expomus, foi apresentada mais tarde em Bruxelas, como representação do Brasil na Europália 91.
Exhibition of works from the Beatriz and Mário Pimenta Camargo Collection featuring a panorama of Brazilian colonial art from the the 17th to 20th centuries. Organised in collaboration with Expomus, the show would go on to represent Brazil in Brussels at Europalia 91.

Exposição temporária de obras da Coleção Beatriz e Mário Pimenta Camargo, que ofereceu uma perspetiva da evolução da arte brasileira colonial, do século XVII ao século XX, com foco no mobiliário, na ourivesaria e na pintura. Esteve patente na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian (piso 0), de 11 de julho a 31 de agosto de 1991. Na inauguração estiveram presentes Mário Soares, presidente da República, e Maria Barroso, primeira-dama.

A exposição foi comissariada pelas museólogas Maria Ignez Mantovani Franco e Sónia Helena Guarita do Amaral, responsáveis pela Expomus, empresa brasileira especializada em organizar eventos deste tipo, e recebeu o apoio da Fundação Oriente, do Banco de Fomento e Exterior, do Grupo Espírito Santo e das Selecções do Reader's Digest.

Embora a coleção se tenha iniciado ainda antes de Beatriz Mendes Gonçalves e de Mário de Pimenta Camargo se conhecerem (segundo se explica no catálogo da exposição), ela começa a ganhar definição no início do relacionamento do casal de colecionadores, numa fase em que estes ofereciam um ao outro peças esteticamente aprazíveis e que, ao mesmo tempo, refletiam a sua «brasilidade»: «A colecção existe porque inúmeras pessoas ajudaram os expositores a constituí-la, dando-lhes crédito a longo prazo, preferência, informações e, especialmente, entendendo o espírito, o porquê, que os levava a formá-la: o inato sentimento de brasilidade; efectivamente, nunca foram pesquisadores, estudiosos ou compradores desgovernados, mas devotados e denodados perseguidores de belas peças.» (Colecção Beatriz e Mário Pimenta Camargo, 1991, p. 8)

A curadoria da exposição pretendeu recriar o ambiente da casa dos colecionadores, em São Paulo, construída de raiz para albergar a coleção e mais tarde ampliada para receber novas aquisições. Se no museu os objetos foram agrupados de modo a reproduzir o espaço doméstico de Beatriz e Mário Pimenta Camargo, o catálogo oferece outra leitura da coleção. Assim, os objetos, estudados por Myriam Andrade Ribeiro, professora de História de Arte da Universidade Federal do Rio de Janeiro, organizam-se de acordo com funções e temas. Neste sentido, a primeira categoria engloba as secções: «Aspectos da Vida Quotidiana», «Vida Doméstica/Casas, Móveis e Pratas», «Vida Religiosa/O Aparto do Culto» e, finalmente, «Religião Popular/Oratórios e Festa do Divino». Tematicamente, os objetos são agrupados nas categorias: «Pintura» «Escultura e Talha», «Tapeçaria», «Cerâmica», «Ourivesaria», «Mobiliário» e «Diversos» (onde se incluem cartas geográficas, caixas, jarros e instrumentos variados).

Do conjunto de 671 peças, José Sommer Ribeiro, diretor do Serviço de Exposições e Museografia da FCG, chamou a atenção para a importância dos seguintes objetos: «[…] prataria sacra e a de uso quotidiano, núcleo de que destaco os vasos dos santos óleos datados de 1683, e ainda os quadros de Frans Post, as esculturas do "Aleijadinho" e o magnífico conjunto de 39 aguarelas que documentam a expedição sob comando de Afonso de San Payo e Sousa para a conquista dos Campos do Carrapato.» (Colecção Beatriz e Mário Pimenta Camargo, 1991, p. 5)

Depois de ser apresentada em Lisboa, a coleção foi mostrada em Bruxelas, na exposição «Les Portugais au Brésil: L'art dans la vie quotidienne – Collection Beatriz e Mário Pimenta Camargo», representando o Brasil na Europália 91, entre outubro de 1991 e janeiro de 1992. A exposição assumiu contornos semelhantes aos da mostra da Fundação Calouste Gulbenkian, incluindo cerca de 300 objetos anteriormente expostos em Lisboa.

A exposição foi divulgada na imprensa portuguesa e brasileira, que valorizou o facto de a Coleção Beatriz e Mário Pimenta Camargo estar a ser mostrada fora do Brasil pela primeira vez. Foi igualmente relevada a vertente de mobiliário brasileiro de estilo D. João V, D. José e D. Maria.

A iniciativa da exposição remonta a uma visita de José Sommer Ribeiro à residência de Beatriz e Mário Pimenta Camargo, como descreve um periódico brasileiro: «Aos 62 anos, Mário Pimenta Camargo, que já foi vice-presidente da Bienal de São Paulo, não esperava que o desejo de José Sommer Ribeiro, representante da Fundação Gulbenkian nas últimas bienais de São Paulo, um dia se concretizasse. Ambos se encontraram anos atrás para um almoço e, entre comentários elogiosos sobre a coleção, mantida na casa do casal no Morumbi e num casarão da zona rural de Campinas, Sommer manifestou o desejo de levá-la a Lisboa.» («Portugal revê seu passado. Numa coleção brasileira», Jornal da Tarde, 13 jun. 1991)

Carolina Gouveia Matias, 2018


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Publicações


Material Gráfico


Fotografias

José Sommer Ribeiro (à esq.), Maria Barroso, Victor Sá Machado, Mário Soares e Roberto Gulbenkian
Maria Barroso, Mário Soares (ao centro) e Pedro Tamen
José Sommer Ribeiro (à esq.), Maria Barroso e Mário Soares (ao centro)
Maria Barroso (atrás, à esq.), Mário Soares e José Sommer Ribeiro (à dir.)
Pedro Tamen (à esq.) e Maria Barroso (ao centro)

Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00484

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém convite, correspondência interna e externa, orçamentos, textos para o catálogo e recortes de imprensa. 1990 – 1992

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00248

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna e externa e textos para o catálogo. 1990 – 1992

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001-D01780

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG, Lisboa) 1991

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0167-D00483

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 1991


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