Frontiers of Chaos

Ciclo «Arte e Tecnologia»

Exposição que decorreu em simultâneo com outras atividades paralelas do ciclo «Arte e Tecnologia». A sua programação visou a cibercultura e os novos media, que marcaram algumas tendências do final da década de 1980. A mostra apresentou imagens de geometria fractal geradas por computador, fruto da investigação dos cientistas alemães Heinz-Otto Peitgen e Peter H. Richter.
Exhibition included in the parallel events held during the “Art and Technology” series. The programme focused on cyberculture and new media, the influence of which can be seen in art from the late 1980s. The show featured computer-generated fractals resulting from research by German scientists Heinz-Otto Peitgen and Peter H. Richter.

«Frontiers of Chaos» surge das investigações de um matemático, Heinz-Otto Peitgen (1945), e de um físico, Peter H. Richter (1945-2015). Os dois cientistas haviam publicado recentemente o livro The Beauty of Fractals, em 1986. Na Gulbenkian, apresentaram imagens resultantes das suas pesquisas sobre a geometria dos fractais – figuras estruturais, constituídas por fragmentos idênticos que se podem replicar e expandir numa interligação infinita. O todo que geram no seu conjunto tem uma configuração idêntica à de cada uma das mais ínfimas partes que o compõem e que o fazem crescer infinitamente nesse processo de «autossemelhança».

O conceito de fractal não pertence ao quadro geral da geometria euclidiana. Como tal, logo após a sua consagração enquanto objeto de conhecimento – que remontará ao filósofo Gottfried Leibniz (1646-1716), no século XVII –, e até ao século XX, foi sendo secundarizado nos sistemas epistemológicos da física e da matemática. Com o avanço dos recursos tecnológicos, esta espécie de «bela anomalia» começa a poder ser estudada mais diretamente, e, de um plano maioritariamente abstrato, os fractais passam a ser encarados como entidades invisíveis na natureza, e inclusivamente como códigos estruturais latentes às dinâmicas naturais de desenvolvimento da matéria.

O surgimento do computador foi crucial para o estudo destes entes geométricos e para o seu estudo matemático, nomeadamente integrados na Teoria do Caos (Peitgen, Arte e Tecnologia, 1993, pp. 299-300). Na década de 1980, a tecnologia informática permitia já calcular e reproduzir visualmente padrões fractais com bastante rapidez e destreza. Isto é, podia gerá-los graficamente, editá-los e imprimi-los em formatos de imagem como aqueles que esta dupla de cientistas alemães trouxe ao Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) no final de 1987.

«Frontiers of Chaos» foi uma das exposições que integraram o programa de atividades complementares do ciclo «Arte e Tecnologia» (folheto «Arte e Tecnologia», Arquivos Gulbenkian, ACARTE 01119.00002). Organizado pelo Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte (ACARTE), este ciclo decorreu entre dezembro de 1987 e janeiro de 1988 no CAM. Envolveu a Sala Polivalente, onde foram proferidas as conferências e apresentadas peças musicais, teatrais e demonstrações tecnológicas, expandindo-se para o Hall e Sala de Exposições Temporárias do CAM, que receberiam a restante programação paralela de performances, música e exposições. Esta rede de atividades teve como fito explorar as relações entre arte, ciência e tecnologia num tempo em que a revolução digital começava a entrar na vida quotidiana.

As três exposições que o ciclo contemplou inauguraram em simultâneo, a 16 de dezembro 1987. «Frontiers of Chaos» partilhou a Sala de Exposições Temporárias do CAM com «Triluz. Hologramas», às quais se juntou «Desenhos de Mahmoud Sabri», no Hall do CAM. Decorreriam em simultâneo até meados de janeiro de 1988, encerrando provavelmente após a apresentação da peça teatral O Lagarto do Âmbar, na Sala Polivalente, que fechava a programação do ciclo «Arte e Tecnologia», a 14 de janeiro de 1988.

Todas as atividades complementares envolviam, direta ou indiretamente, autores que também tinham participado no ciclo de conferências realizado na Sala Polivalente. No caso de «Frontiers of Chaos», Heinz-Otto Peitgen proferiu uma conferência no dia 19 de dezembro de 1987, pelas 22 horas. Tal como os restantes conferencistas, publicaria um texto integrado na compilação Arte e Tecnologia editada pela FCG em 1993, desta feita em coautoria com Hartmut Jürgens (1955), intitulada «Fractals: Algorithms to Model Reality» (Arte e Tecnologia, 1993, pp. 275-290).

Daniel Peres, 2018


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Colóquio

Arte e Tecnologia

17 dez 1987 – 19 dez 1987
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Sala Polivalente
Lisboa, Portugal

Publicações


Fotografias


Documentação


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (ACARTE), Lisboa / ACARTE 00704

Pasta com documentação referente à produção do ciclo «Arte e Tecnologia», realizado pelo Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte (ACARTE) no Centro de Arte Moderna (CAM), em 1987. 1987 – 1988

Arquivos Gulbenkian (ACARTE), Lisboa / ACARTE 00119

Pasta com documentação variada referente à produção do ciclo «Arte e Tecnologia», realizado pelo Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte (ACARTE) no Centro de Arte Moderna (CAM), em 1987. 1987 – 1987

Arquivos Gulbenkian (ACARTE), Lisboa / ACARTE 00205

Pasta com documentação referente à publicação das atas do colóquio «Arte e Tecnologia», realizado pelo Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte (ACARTE), em 1987, no Centro de Arte Moderna. 1987 – 1987

Arquivos Gulbenkian (ACARTE), Lisboa / ACARTE-S084-P0113

Coleção fotográfica, cor: ciclo «Arte e Tecnologia» (FCG-CAM, Lisboa) 1987


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