A exposição de obras da Coleção Reader's Digest inaugurou a 14 de setembro de 1989 na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian (piso 0), ficando patente até 22 de outubro. A inauguração contou com a presença do presidente da República, Mário Soares, e do presidente das Selecções do Reader's Digest, Jorge d'Orey Pinheiro.

Estiveram patentes 40 obras, provenientes da coleção privada de Lila Wallace, cofundadora do Reader's Digest, a par do seu marido, DeWitt Wallace. Esta coleção, que no total conta com mais de 3000 obras, foi constituída sem fins lucrativos ou de investimento, destinando-se tão-só a criar «um ambiente agradável e ao mesmo tempo estimulante» para os funcionários do Reader's Digest, razão pela qual havia estado instalada nos corredores, halls, bibliotecas, salas de reunião e escritórios da empresa (Colecção Reader's Digest. De Manet a Chagall, 1989, p. 5).

Com o intuito de mostrar a coleção ao maior número de pessoas possível, e de homenagear a cofundadora do Reader's Digest, a exposição teve uma ampla itinerância internacional (Finlândia, Holanda, Bélgica, Austrália, Nova Zelândia, Hong Kong, França, Canadá e México).

No âmbito da exposição, foram realizadas seis visitas guiadas, conduzidas pelos críticos de arte Rui Mário Gonçalves (a 20 de setembro e 25 de outubro), António Rodrigues (a 27 de setembro e 11 de outubro) e João Pinharanda (a 4 e 18 de outubro). Durante o seu horário de abertura foi exibido um vídeo sobre a Coleção Reader's Digest, numa sala contígua à sala da exposição.

A mostra teve uma ampla cobertura nos media nacionais, contando com apreciações díspares relativamente à seleção das obras. O jornal O Diário dedicou à exposição uma rubrica que se estendeu por três números, fazendo a análise das obras de cada artista exposto e da sua importância para a história da arte, e começa por se questionar sobre o título: «[…] não se entende bem o título desta exposição, já que se, por um lado, ele for atribuído pelas datas das obras nela representadas, deveria intitular-se antes "De Degas a Giacometti" […]; se, por outro lado, ele for atribuído pelas datas de nascimento dos artistas aqui presentes, a exposição deveria intitular-se “De Pissarro a Giacometti”.» (Gomes, O Diário, 7 out. 1989)

A seleção de obras é criticada pelo jornal Expresso: "[…] um Museu a que se deve levantar a suspeita de se deixar guiar mais pela dimensão dos nomes que pela qualidade geral das obras, numa selecção didacticamente incorrecta. Enquanto colecção particular, há que aceitar o efeito do acaso das compras, mas ter-se-á então de apontar que faltam no conjunto os sinais de um gosto ou de uma estratégia, as marcas de uma escolha pessoal.» («Colecção Reader's Digest», Expresso, 23 set. 1989)

Esta opinião não foi, no entanto, partilhada por outros críticos, como Ruth Rosengarten. No texto que assinou para o jornal O Independente, a autora defende que se consegue perceber «a marca do gosto pessoal da coleccionadora» e que «a lista dos artistas expostos é, na verdade, deslumbrante» (Rosengarten, O Independente, 22 set. 1989).

A par do catálogo, que inclui uma introdução de George V. Grune, presidente do Reader's Digest, uma nota de Jorge d'Orey Pinheiro e outra de José Sommer Ribeiro, um texto de Rui Mário Gonçalves e a biografia de todos os artistas expostos, foi publicado um pequeno folheto com reproduções de algumas obras mais importantes da exposição e informações sobre a coleção.

Carolina Gouveia Matias, 2018