Wentworth-Fitzwilliam. Uma Coleção Inglesa

Exposição coletiva que exibiu um conjunto de obras pertencentes à Coleção Wentworth-Fitzwilliam. Comissariada por Luísa Sampaio, esta mostra reuniu, pela primeira vez em nove anos, 56 obras de arte, muitas das quais nunca vistas em território nacional.
Collective exhibition featuring a selection of works from the Wentworth-Fitzwilliam collection. Curated by Luísa Sampaio, the show brought together 56 works of art for the first time in nine years, many of which had never before been displayed in the country.

Exposição coletiva organizada pelo Museu Calouste Gulbenkian (MCG), com obras pertencentes à coleção Wentworth-Fitzwilliam. Comissariada por Luísa Sampaio, conservadora responsável pelo Departamento de Pintura do Museu Calouste Gulbenkian, a mostra reuniu, pela primeira vez em nove anos, 56 obras de arte, muitas delas nunca vistas em território nacional.

A exposição «Wentworth-Fitzwilliam. Uma Coleção Inglesa» foi inaugurada em simultâneo com outra mostra, «Calouste S. Gulbenkian e o Gosto Inglês», ambas programadas pela então diretora do MCG, a inglesa Penelope Curtis, que salientou, em declarações ao jornal Diário de Notícias, a «oportunidade excecional» de ter obras da coleção Wentworth-Fitzwilliam no MCG. A última vez que esta coleção privada tinha estado exposta ao público havia sido em 2006, no Chrysler Museum of Art, nos Estados Unidos da América (Marques, Diário de Notícias, 28 nov. 2015).

Foi graças à vontade da guardiã da coleção, Lady Juliet Tadgell – descendente de Thomas Wentworth (1593-1641), conselheiro de Carlos I e um dos iniciadores da coleção –, que a Fundação Calouste Gulbenkian teve a oportunidade de apresentar uma das mais prestigiadas coleções particulares do Reino Unido, «pela simpatia por Portugal […] e pela relação de amizade entre o seu segundo marido (Somerset de Chair) e o filho de Calouste Gulbenkian, Nubar» (Ibid.).

Logo após a morte do pai de Lady Juliet Tadgell, em 1948, o oitavo conde de Fitzwilliam, a mansão do século XVIII pertencente a esta família foi vendida devido aos aumentos dos impostos no pós-guerra. No entanto, apesar dos diversos imprevistos ao longo da História, esta coleção permanece «viva» há mais de quatrocentos anos, tendo existido um «grande esforço de preservação e de manutenção do património, o que é algo que, nestes tempos conturbados, é muito valioso», afirmou Luísa Sampaio ao semanário Sol na visita guiada organizada para a comunicação social, que teve lugar no mesmo dia da inauguração da mostra (Miguel, Sol, 27 nov. 2015).

A exposição dividiu-se em diferentes núcleos, e o espaço da galeria foi construído de modo a recriar o ambiente de uma típica casa senhorial inglesa, com as paredes pintadas a verde e cor de tijolo.

O primeiro núcleo dedicou-se à apresentação de quadros de grandes dimensões que se encontravam nos salões da residência da família, a conhecida Wentworth Woodhouse, em Yorkshire, destacando-se os retratos de aparato realizados por Anton van Dyck (1599-1641), como aquele que executou em 1635-1636 de Thomas Wentworth, o primeiro colecionador, Thomas, Visconde Wentworth, Futuro 1.º Conde de Strafford. Ao lado deste, encontrava-se o retrato também imponente de Carlos I, realizado em 1633 por Daniel Mytens (1590-1647).

O segundo núcleo integrou sobretudo obras de caráter mais intimista, como as paisagens holandesas, as naturezas-mortas, as paisagens marinhas ou as pinturas de temática religiosa, com especial preferência pelos temas da Virgem com o Menino.

E como uma verdadeira casa senhorial inglesa não podia viver sem o campo que a rodeia, a exposição incluiu obras de George Stubbs (1724-1806), algumas nunca apresentadas em Portugal. Conhecido como «o mais famoso pintor de cavalos do Reino Unido», Stubbs marcou presença na Fundação Gulbenkian com pinturas como Scrub, cavalo do Marquês de Rockingham, montado por John Singleton (1762), Éguas e Potros (1762) ou Cinco Cães de Caça de Lord Rockingham (1762).

Além da pintura, foram apresentadas esculturas de Joseph Nollekens (1737-1823), Busto de William, 4.º Conde Fitzwilliam (1797) e Busto de Charles, 2.º Marquês de Rockingham (c. 1797), e desenhos de Ozias Humphry (1742-1810), que iniciou a sua carreira como pintor de miniaturas e gravuras sobre papel, com vistas de Wentworth Woodhouse.

A exposição terminava com o acesso a um dispositivo multimédia, a apelar à interação do público: um tablet que permitia folhear com bastante detalhe um catálogo de 1870, a primeira obra com o inventário completo de todas as peças que faziam parte desta coleção e que se encontravam na residência da família.

Foi publicado um catálogo, em português e inglês, que reproduziu as 56 obras de arte integradas na mostra, acompanhadas por entradas da autoria de David Ekserdjian, professor de História de Arte e Cinema na Universidade de Leicester desde 2004, que também assina um texto introdutório no qual dá a conhecer a história da Coleção Wentworth-Fitzwilliam, desde o primeiro colecionador até à atual proprietária.

No âmbito da exposição, David Ekserdjian apresentou, no Auditório 3 da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian, uma conferência dedicada ao mesmo tema que abordou no texto que assina no catálogo: «A Coleção Wentworth-Fitzwilliam: Cinco Séculos de Colecionismo».

Durante os 106 dias em que esteve patente ao público, a exposição recebeu 21 235 visitantes, que elogiaram a qualidade da informação prestada sobre as obras expostas e o design expositivo, a cargo de Mariano Piçarra.

Joana Atalaia, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

[Wentworth-Fitzwilliam. Uma Coleção Inglesa]

dez 2015 – fev 2016
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede
Lisboa, Portugal
Conferência / Palestra

A Coleção Wentworth-Fitzwilliam. Cinco Séculos de Colecionismo

10 dez 2015
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 3
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Visita guiada
Visita guiada
Visita guiada por Luísa Sampaio
Visita guiada
Visita guiada por Luísa Sampaio
Visita guiada por Luísa Sampaio
Visita guiada por Luísa Sampaio
Visita guiada por Luísa Sampaio
Visita guiada por Luísa Sampaio
Visita guiada por Luísa Sampaio
Visita guiada por Luísa Sampaio
Visita guiada por Luísa Sampaio
Conferência «A Coleção Wentworth-Fitzwilliam. Cinco Séculos de Colecionismo», proferida por David Ekserdjian. David Ekserdjian e Penelope Curtis
Conferência «A Coleção Wentworth-Fitzwilliam. Cinco Séculos de Colecionismo», porferida por David Ekserdjian. David Ekserdjian e Penelope Curtis
Conferência «A Coleção Wentworth-Fitzwilliam. Cinco Séculos de Colecionismo», proferida por David Ekserdjian. David Ekserdjian
Conferência de imprensa
Conferência de imprensa. Penelope Curtis (à esq.)
Conferência de imprensa. Penelope Curtis (ao centro)
Conferência de imprensa
Conferência de imprensa
Conferência de imprensa
Conferência de imprensa
Conferência de imprensa
Conferência de imprensa
Conferência de imprensa
Conferência de imprensa. Penelope Curtis (à dir.)
Conferência de imprensa
Lady Ann Juliet Dorothea Maud Tadgell (ao centro), Artur Santos Silva (à dir.)
Lady Ann Juliet Dorothea Maud Tadgell e Artur Santos Silva (ao centro)
Lady Ann Juliet Dorothea Maud Tadgell, Artur Santos Silva

Multimédia


Periódicos

Sol

Lisboa, 27 nov 2015


Fontes Arquivísticas

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 7487

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 2015

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 5319

Coleção fotográfica, cor: conferência de David Ekserdjian (FCG, Lisboa) 2015

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 7387

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG, Lisboa) 2015

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 8040

Coleção fotográfica, cor: montagem (FCG, Lisboa) 2015


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