Arte em Berlim. 1900 até Hoje

Exposição organizada pelo Centro de Arte Moderna e a Nationalgalerie, no âmbito do intercâmbio cultural que a Fundação Calouste Gulbenkian manteve com a República Federal da Alemanha. A exposição teve um papel importante na divulgação da arte alemã moderna, pouco conhecida em Portugal.
Exhibition organised by the Modern Art Centre and the Nationalgalerie in Berlin as part of a cultural exchange held between the Calouste Gulbenkian Foundation and the Federal Republic of Germany. The exhibition played a significant role in disseminating German modern art in Portugal, where it had previously not been very well known.

Grande exposição de arte berlinense, organizada pelo Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e pela Nationalgalerie (Galeria Nacional de Berlim), no âmbito do intercâmbio cultural estabelecido entre a FCG e a República Federal da Alemanha. A produção da exposição teve o apoio do Berlin Museum no transporte e na conservação das obras expostas.

A realização da exposição no CAM partiu de uma visita de José de Azeredo Perdigão à Fundação do Património Cultural da Prússia, cujo presidente, Werner Knopp, e o diretor da Nationalgalerie, Dieter Honisch, terão sugerido ao presidente da FCG a apresentação de uma exposição de artistas berlinenses em Lisboa, a qual seria antecedida por uma passagem por Madrid.

Apesar de não ter sido realizada em Madrid, como estaria inicialmente pensado, a exposição «Arte em Berlim 1900 até Hoje» foi inaugurada a 24 de junho de 1989, no CAM, onde ocupou os dois pisos da galeria, tendo ficado patente ao público até 27 de setembro.

A exposição, considerada por Sommer Ribeiro como «um projecto de excepcional interesse pois nunca se fez em Portugal uma exposição de arte alemã com tanta amplitude», teve um importante papel na divulgação da arte alemã moderna, até então pouco conhecida em Portugal (Arte em Berlim. 1900 até Hoje, 1989).

A mostra foi comissariada por Dieter Honisch, Dieter Appelt e Elke Ostländer, tendo sido realizada no âmbito da parceria estabelecida entre o CAM e a Nationalgalerie durante a «Exposição-Diálogo», em 1985. Apesar do título, e nas palavras de Dicker Honisch, a exposição não pretendeu oferecer «uma panorâmica histórica apresentada em evolução contínua» (Arte em Berlim. 1900 até Hoje, 1989). Com efeito, não obstante a componente historicista que serve de base ao discurso programático da exposição, esta procurou dar destaque à produção artística atual, mostrando o trabalho de artistas berlinenses ainda vivos e, por conseguinte, consagrando-se «mais ao presente de Berlim do que ao passado», segundo Dicker Honisch, que propunha, além do mais, que a mostra fosse vista como «um resultado provisório de uma busca de testemunhos fortes da realidade artística actual nesta cidade, que mais se quis aproximar da verdade do que ser uma afirmação definitiva que poderia soar a falso» (Ibid.).

Para a produção da exposição foi necessário que todas as obras da coleção de arte moderna que se encontravam no CAM fossem retiradas e recolhidas temporariamente nas reservas do museu. Além disto, a exposição exigiu algumas obras de remodelação do espaço museográfico, o que obrigou ao encerramento do museu de 11 a 25 de julho. Com o termo da exposição, e aproveitando a remodelação do CAM, viria a ser concebido um novo projeto de apresentação das obras da coleção da Fundação Calouste Gulbenkian.

A museografia da exposição foi pensada de modo a dar as boas-vindas ao visitante com um vídeo do artista Martin Rosz, no Hall do CAM, e apresentando a parte histórica no piso 01. No piso térreo, o visitante encontrava, na primeira sala, esculturas e pinturas de arte informal, podendo prosseguir para o piso superior, onde se achava na presença de quadros de pintura abstrata. Ao longo da nave do CAM, estavam expostas esculturas de Michael Schoenholtz e de Rainer Mang e pinturas de Frank Badur, entre outros artistas.

A exposição teve uma enorme divulgação nos media nacionais, que destacaram o facto de se tratar «não só da maior exposição de arte alemã em Portugal nos últimos anos, como também do auge da cooperação cultural luso-alemã do ano corrente» («Arte em Berlim: 1900 até Hoje», Diário de Lisboa, 17 ago. 1989).

Porém, nem todas as críticas foram favoráveis, como o demonstra o artigo de Alexandre Pomar para o jornal Expresso: «Mas o que domina “Arte em Berlim” são os anos 80, num panorama exaustivo de artistas de diferentes gerações posteriores à guerra. E aí ninguém nos poupou ao desinteresse da maioria esmagadora das obras ou, melhor, à fadiga inevitável perante aquilo que é a inútil e académica sequência exangue de uma prática cultural arcaica, as artes plásticas.» (Pomar, Expresso, 12 ago. 1989)

Outro aspeto criticado, desta feita por Chaké Matossian no jornal Semanário, foi a divisão entre a parte histórica e contemporânea dos trabalhos selecionados: «Como qualquer fronteira, a separação entre histórico e actual só tem um valor pedagógico reconfortante e pouco interessante.» (Matossian, Semanário, 29 jul. 1989)

No âmbito da exposição, foi publicado um pequeno desdobrável, em inglês, dirigido ao público estrangeiro, e um jornal da exposição, que reproduzia a introdução e o prefácio do catálogo, bem como algumas obras, com os respetivos textos informativos, e uma cronologia sobre a arte berlinense de 1900 a 1988.

Carolina Gouveia Matias, 2018

Large exhibition of art from Berlin organised by the Calouste Gulbenkian Foundation’s Modern Art Centre (MAC) and the Nationalgalerie (the National Gallery of Berlin), as part of the cultural exchange between the Calouste Gulbenkian Foundation and the Federal Republic of Germany. The transport and conservation work for the pieces exhibited was supported by the Berlin Museum.

The idea to hold the exhibition at the MAC arose from a visit by José de Azeredo Perdigão to the Prussian Cultural Heritage Foundation, where Werner Knopp, the Foundation’s president, and Dieter Honisch, director of the Nationalgalerie, suggested to the Calouste Gulbenkian Foundation president that an exhibition of Berlin artists be held in Lisbon, after first passing through Madrid.

Although the exhibition was not held in Madrid as initially planned, Arte em Berlim 1900 até hoje opened in Lisbon on 24 June 1989, remaining open to the public until 27 September, spread over the two floors of the MAC.

The exhibition, considered by Sommer Ribeiro to be “an exceptionally important project, since it is the largest German art exhibition ever held in Portugal”, played a significant role in disseminating modern German art, little known at the time in Portugal (Arte em Berlim. 1900 até hoje, 1989).

The exhibition was curated by Dieter Honisch, Dieter Appelt and Elke Ostländer and held as part of a partnership between the MAC and the Nationalgalerie that began during the Exposição-Diálogo in 1985. Despite its name, the exhibition did not aim to be “a historic panorama presented as a constant evolution”, as Dicker Honisch says in the text he wrote for the catalogue (Arte em Berlim. 1900 até hoje, 1989).

In fact, despite the historicist component that serves as the basis for the remaining body of the exhibition, the initiative sought to highlight more recent artistic production by showing the work of living Berlin-based artists. On this matter, the exhibition curator wrote that “the exhibition is closer to present day Berlin than the past”, and that the exhibition should be understood as “a provisional result of a search for reliable evidence of the current artistic context in the city, which was hoped to be closer to the truth than a definitive statement that could seem false” (ibid.).

To hold the exhibition, all the pieces in the modern art collection at the MAC needed to be removed and temporarily placed in the museum’s storerooms. Furthermore, the exhibition displayed some of the renovation work in the museum space, for which the museum had been closed between 11 and 25 July. At the end of the exhibition, and taking advantage of the MAC’s renovation, a new plan was drawn up for exhibiting the works in the Calouste Gulbenkian Foundation’s collection.

The layout of the exhibition was designed to welcome visitors with a video by artist Martin Rosz in the MAC’s entrance hall, followed by a historical section presented on the Lower Ground Floor. On the ground floor, visitors found informal art paintings and sculptures in the first room, followed by abstract paintings, also exhibited on the upper floor. Throughout the MAC’s main hall, sculptures by Michael Schoenholtz and Rainer Mang were displayed, along with paintings by Frank Badur and other artists.

The exhibition was very widely publicised in the Portuguese media, which highlighted that it was “not only the largest exhibition of German art in Portugal in recent years, but also the peak of cultural cooperation between Portugal and Germany this year” (“Arte em Berlim: 1900 até hoje”, Diário de Lisboa, 17 Aug. 1989).

However, not all the reviews were positive, as demonstrated by Alexandre Pomar’s article for the Expresso newspaper: “But ‘Arte em Berlim’ is dominated by the 1980s, in an exhaustive overview of artists from different post-war generations. And in that regard no-one saved us from the lack of interest of the vast majority of the pieces, or rather, the inevitable weariness when viewing the futile, academic and lifeless sequence of an archaic cultural practice, visual arts” (Pomar, Expresso, 12 Aug. 1989).

Another aspect that was criticised, this time by Chaké Matossian in the Semanário newspaper, was the division between the historical and contemporary parts of the selected pieces. “Like any boundary, the separation between historical and current only has a comforting educational value and is of little interest” (Matossian, Semanário, 29 Jul. 1989).

A short leaflet in English aimed at foreign visitors was printed for the exhibition and an exhibition newspaper was published containing some texts from the catalogue – “Introduction” and “Preface” – along with reproductions of some works and texts about them, and a timeline tracing the course of art in Berlin from 1900 to 1988.


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Publicações


Material Gráfico


Fotografias

José Sommer Ribeiro e José de Azeredo Perdigão (à dir.)
José de Guimarães
Roberto Gulbenkian (à esq.), José de Azeredo Perdigão, Madalena de Azeredo Perdigão (ao centro) e José Sommer Ribeiro (à dir.)
Madalena de Azeredo Perdigão e José de Azeredo Perdigão (ao centro) e José Sommer Ribeiro (à dir.)
Madalena de Azeredo Perdigão e José de Azeredo Perdigão (ao centro) e Roberto Gulbenkian (à dir.)
José de Azeredo Perdigão (atrás, à esq.)

Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00158

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência externa e interna, convite, desdobrável para o público estrangeiro e material para o catálogo. 1988 – 1991

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00159

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência externa e interna e documentação relativa à produção do catálogo. 1988 – 1992

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00160

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém documentação relativa ao estado de conservação das obras expostas, listas de obras, relatório da viagem do presidente a Berlim e Hamburgo em setembro de 1987, e material para o catálogo. 1989 – 1989

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00161

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna e externa, jornal da exposição e recortes de imprensa. 1987 – 1990

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/004-D00495

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG, Lisboa) 1989


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