Wolf Vostell

Exposição retrospetiva itinerante que reuniu mais de 250 peças do artista alemão Wolf Vostell (1932-1998). Foram apresentadas obras em diversos suportes e técnicas, que incluíram, nomeadamente, fotografia documental, desenhos-objetos, descolagens e raspagens, instalações e happenings.
Travelling retrospective exhibition that brought together more than 250 pieces by the German artist Wolf Vostell (1932-1998). Works in various media and techniques were presented, including, namely, documentary photography, object-drawings, décollage and blurring, installation artworks and happenings.

Exposição retrospetiva dedicada à obra do artista conceptual alemão Wolf Vostell (1932-1998), organizada pela Secretaria de Estado da Cultura (SEC), em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG).

O principal responsável e dinamizador da exposição foi Ernesto de Sousa, que já havia colaborado com o artista alemão e de quem era amigo pessoal desde a inauguração do Museo Vostell de Malpartida (1976). A mostra foi apresentada em dois espaços distintos: a Galeria de Belém, instituição sob a tutela da SEC, sediada num dos pavilhões construídos para a Exposição do Mundo Português, em 1940, e que tinha como diretor o pintor João Vieira, e a Fundação Calouste Gulbenkian.

As 189 peças, às quais se somavam ainda cerca de 70 séries dedicadas à obra gráfica do artista, foram distribuídas pelos dois espaços; contudo, a documentação fotográfica reunida sobre a exposição apenas documenta os núcleos apresentados na Zona de Congressos da Sede da FCG. Até à data, não foi possível localizar as fontes primárias referentes a esta exposição nos Arquivos Gulbenkian, uma vez que se tratou de um evento de organização conjunta. No entanto, pelo recurso ao material fotográfico da exposição, é possível constatar a atuação de um grupo de cante alentejano, que muito provavelmente corresponderia a uma atividade de interação artística. As fotografias da inauguração da exposição na FCG permitem-nos também verificar uma considerável afluência de público.

A exposição possibilitou o contacto com as mais originais obras de Vostell, produzidas entre 1958 e 1979, em suportes e manifestações até então pouco habituais, como a instalação, o envolvimento ou o happening. Este último, como é referido por Ernesto de Sousa no catálogo da exposição, «é uma instalação que se desdobra no tempo», na qual o público participa ativamente (Wolf Vostell, 1979).

Além destes formatos, foram ainda apresentadas fotografias a documentar happenings anteriores, desenhos-objetos, assemblages, descolagens e raspagens montadas em toda a extensão do espaço envolvente do jardim interior da Zona de Congressos da FCG.

Percorrendo vários anos da prática artística de Wolf Vostell, a mostra permitia ao público uma aproximação ao iberismo de Vostell e à sua condição de «europeu do pós-guerra», que a partir dos anos de 1970 foi progressivamente deslocando a sua residência e atividade artística para Espanha, fazendo-a culminar com a criação do museu participativo em Cáceres do qual foi o fundador, Museo Vostell de Malpartida.

Ernesto de Sousa, comissário da exposição, referir-se-ia a esta retrospetiva como uma viagem conceptual: «Claro que esse sentido (da viagem, da retrospectiva) é uma descoberta-de-sentido. […] Dizemos apenas que não é uma viagem errante, a não ser que a errância seja qualquer coisa de primordial, isso mesmo: a procura de uma raiz antiga, um re-começar. Então, dessa errância fariam parte todas as escórias, os lugares comuns, a linguagem dos media: pai dos happenings, introdutor dos happenings na Europa, co-fundador de Fluxus, arte-dos-detritos, envolvimento(s) político(s), empenho sociológico, expressionismo e atracção conceptual. Vamos repeti-lo? Naturalmente, e as vezes que forem necessárias, porque ainda há quem não saiba o que é uma retrospectiva.» (Sousa, Colóquio/Artes, jun. 1979, p. 58)

Uma parte significativa desta exposição retrospetiva foi também apresentada em Madrid, no Museo de Arte Contemporáneo, e em Barcelona, na Fundació Joan Miró, no entanto, a sua apresentação em Lisboa integrou, ao contrário daquelas, um significativo conjunto representativo da obra gráfica e múltiplos do artista.

Filipa Coimbra, 2017

The main person responsible and the driving force for the exhibition was Ernesto de Sousa (1921-1988), who had already worked with the German artist and had been a personal friend of his since the opening of the Museo Vostell de Malpartida (1977). The exhibition was distributed over two separate areas, the Galeria de Belém, an institution managed by the SEC, based in one of the pavilions built for the Exposição do Mundo Português [Exhibition of the Portuguese World] in 1940, led by painter João Vieira (1934-2009), and the FCG.
The 189 pieces, which were joined by another approximately 70 series of the artist's graphic work, were spread over the two spaces; however, the photographs found of the exhibition only document the sections at the Congress Rooms of the FCG main building. It has not been possible, at this time, to locate the primary sources regarding this exhibition in the Gulbenkian archives, since it was a jointly organised event. Nonetheless, the photographic material from the exhibition shows that there was a performance by a traditional folk group singing Cante Alentejano, which would likely have been an artistic interaction activity. The photographs from the exhibition opening at the FCG also show us a considerable number of attendees.
The exhibition allowed the public to see Vostell's most original works, produced between 1958 and 1979, on media and using forms that were still unusual at the time, such as installations, participatory art or happenings. A happening, as mentioned by Ernesto de Sousa in the exhibition catalogue is an installation that unfolds over time, with active participation by the public (Wolf Vostell, 1979).
As well as these formats, photographs were also presented documenting previous happenings, drawing-objects, assemblages, decollages and scrapings assembled throughout the area around the inner garden of the FCG Congress Rooms.
Covering several years of Wolf Vostell's artistic work, the exhibition allowed the public to see Vostell's Iberism and his condition as a post-war European, having gradually shifted his residence and artistic activity towards Spain from the 1970s onwards, culminating in his founding a participatory museum in Cáceres: Museo Vostell de Malpartida.
Ernesto de Sousa, the exhibition curator, would refer to this retrospective as a conceptual journey: Of course that meaning (of travel, of retrospection) is a discovery-of-meaning. (...) We only say that it is not a wandering journey, unless that wandering is something primordial, exactly that: in search of an ancient route, a new start. So that wandering would include all the rubbish, the clichés and the language of the media: father of happenings, introducer of happenings in Europe, co-founder of Flexus, art-of-detritus, political engagement(s), sociological commitment, expressionism and conceptual attraction. Are we going to repeat it? Naturally, and as many times as necessary, because there are still people who do not know what a retrospective is (Sousa, Colóquio. Artes, Jun. 1979, p. 58).
A considerable portion of the retrospective exhibition was also shown in Madrid, at the Museo de Arte Contemporáneo, and in Barcelona, at the Fundació Miró, however, only in Lisbon did it include a significant range of pieces representing the artist's graphic and multiple work.

Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

Der Tote der Durst hat

Wolf Vostell (1932-1998)

Der Tote der Durst hat, 1977 / Inv. PE21

Der Tote der Durst hat

Wolf Vostell (1932-1998)

Der Tote der Durst hat, 1977 / Inv. PE21


Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Exposição «Wolf Vostell»
Wolf Vostell (à esq.) e David Mourão-Ferreira (à dir.)
Grupo de cante alentejano

Periódicos


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D02043

8 provas, p.b.: inauguração (FCG, Lisboa) 1979

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0437-D01277

7 provas, p.b.: inauguração (FCG, Lisboa) 1979

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0437-D01276

17 provas, p.b.: aspetos (FCG, Lisboa) 1979

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00707

Pasta com convites e programas de diversos eventos organizados pelo Serviço de Belas-Artes. 1973 – 1991


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