O Grafismo e Ilustração nos Anos 20

Exposição coletiva de ilustração e grafismo dos anos 20, proposta pela Fundação Calouste Gulbenkian, com o principal objetivo de espelhar a sociedade portuguesa do final da Primeira Guerra Mundial. A mostra dividiu-se em três grandes secções: revistas, magazines e outras publicações periódicas; programas, partituras musicais e outra documentação; livros, catálogos e publicações diversas.
Group exhibition on Graphic Design and Illustration in the 1920s proposed by the Calouste Gulbenkian Foundation and designed as a reflection on Portuguese society at the end of the First World War. The exhibit was divided into three main section: magazines and other periodicals; programmes, music scores and other documents; books, catalogues and assorted publications.

A exposição «O Grafismo e Ilustração nos Anos 20» foi inaugurada a 7 de janeiro de 1986, na Sala de Exposições Temporárias do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, aí ficando patente até 2 de fevereiro.

No âmbito da produção da exposição, atribuiu-se uma importância especial à edição do catálogo, considerado «um bom instrumento de trabalho» e um prolongamento da exposição, já que, pelo limitado espaço disponível, não foi possível mostrar todos os resultados da investigação conduzida (Plano do catálogo da exposição, s.d., Arquivos Gulbenkian, ACARTE 00778).

Na introdução do catálogo, José Sommer Ribeiro contextualiza a mostra, explicando que ela se inscreve no programa do Centro de Arte Moderna (CAM), uma vez que promove o levantamento sistemático das obras de ilustração e grafismo da década de 1920, realizado pelo Departamento de Documentação e Pesquisa da Fundação Calouste Gulbenkian. No entanto, pela dimensão limitada do espaço, não foi possível a exposição de cartazes, iniciativa remetida para data posterior.

Foi objetivo da exposição completar o acervo do CAM com peças cedidas por coleções privadas, espólios de artista e acervos de outros museus, e divulgar a Coleção Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, ainda pouco conhecida do público. De entre o conjunto de emprestadores que colaboraram na exposição, o Museu Nacional do Teatro foi aquele que cedeu o maior número de obras – entre elas várias caricaturas e desenhos de Amarelhe (1892-1946), programas de teatro e folhas de música.

A montagem da exposição foi sistematizada em três grandes secções: revistas, magazines e outras publicações periódicas; programas, partituras musicais e outra documentação; livros, catálogos e publicações diversas.

A exposição retratava a sociedade portuguesa do final da Primeira Guerra Mundial, época em que os artistas rentabilizam a sua atividade criativa sobretudo recorrendo à ilustração em revistas, jornais e publicidade, e em que se verificava igualmente a ascensão de um novo grupo social, os chamados «novos-ricos», com fortunas provenientes do comércio e da indústria, e que constituíam potenciais encomendadores de obras menos eruditas. Desta época, José Sommer Ribeiro destaca os nomes de Almada, Botelho, Barradas, António Soares, Stuart e Bernardo Marques. No catálogo, José-Augusto França traça uma panorâmica do contexto social, intelectual e artístico dos anos de 1920 em Portugal.

Além da publicação do catálogo, estariam planeadas outras iniciativas, relacionadas com a investigação que conduziu à exposição, como a edição de dois livros de bolso à semelhança da monografia publicada em 1984, com prefácio de José-Augusto França, Os desenhos de Almada n’O Sempre Fixe; a recolha de desenhos de Jorge Barradas produzidos entre 1912 e 1930; a recolha de desenhos de Bernardo Marques publicados entre 1924 e 1930 na rubrica «Domingos de Lisboa» do Diário de Notícias; e a edição de um cartaz. No âmbito da exposição, o pintor Thomaz de Mello doou a revista De Teatro – Revista de Teatro e Música (n.º 1), hoje disponível para consulta na Biblioteca de Arte da FCG, e concedeu diversos empréstimos de obras ao Centro de Arte Moderna (Lista de obras cedidas pelo pintor Thomaz de Mello, 15 out. 1985, Arquivos Gulbenkian, ACARTE 00778).

A mesa-redonda subordinada ao tema «O Papel dos Artistas na Ilustração», realizada no âmbito desta exposição, foi promovida pelo Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte (ACARTE) e pretendia, além de mostrar os resultados da investigação desenvolvida, contribuir para uma atualização do tema, com o testemunho vivo de artistas e estudiosos. Esta mesa-redonda realizou-se a 28 de janeiro de 1986, data inicialmente prevista para encerramento da exposição, e contou com o contributo de João Botelho, Thomaz de Mello, António Mega Ferreira, Miguel Esteves Cardoso, Margarida Acciaiuoli e Luís de Pina.

A Fundação Calouste Gulbenkian, através do ACARTE, com a colaboração da Cinemateca Portuguesa, promoveu ainda um ciclo sobre o cinema português dos anos 20. Apesar de a divulgação deste ciclo apenas referir cinco filmes, foram encontradas sete folhas de sala na documentação relacionada com a produção da exposição – todavia, aos filmes O Táxi n.º 9297 e Lisboa, Crónica Anedótica não se encontra atribuída data de projeção. O texto que acompanhava as projeções é da autoria de Luís de Pina, diretor da Cinemateca Portuguesa.

No âmbito das atividades complementares à exposição, refira-se ainda a planificação de um «Salão de Época», acerca do qual, perante a escassez de informação, foi apenas possível apurar que a sua realização partiria do empréstimo de peças do Museu Nacional do Teatro e do Museu Nacional do Traje.

Na documentação analisada, encontra-se uma autorização para a execução de um vídeo da exposição por José Maria Vaz da Silva. Este vídeo, contudo, não foi localizado.

Os recortes de imprensa catalogados, dos jornais Correio da Manhã, O Dia e Diário de Notícias, cingem-se à divulgação da exposição. O artigo assinado por José-Augusto França para a Colóquio/Artes é a exceção: além de divulgar a exposição, menciona aspetos museográficos, como quando refere a ausência do nome dos autores dos trabalhos nas vitrinas e a necessidade de estarem expostas mais páginas do Notícias Ilustrado. Apesar destas críticas, França afirma tratar-se de uma exposição com um «discurso mental interessantíssimo» (França, Colóquio/Artes, n.º 68, mar. 1986).

Carolina Gouveia Matias, 2017

The exhibition O Grafismo e Ilustração nos anos 20 opened on 7 January 1986 at the Calouste Gulbenkian Foundation's (FCG) Modern Art Centre Temporary Exhibitions Gallery, where it remained until 2 February.
Particular importance was placed on the publication of the catalogue, considered a good working instrument to extend the exhibition itself which, due to the limited space available, could not show all the results of the research performed (Plan for the exhibition catalogue, n.d., Gulbenkian Archives, ACARTE 00778).
As explained by Sommer Ribeiro in the introduction to the exhibition catalogue, the exhibition of illustration and graphic work of the 1920s was included in the actions the Modern Art Centre (CAM) had planned, in order to carry out a systematic survey of such works carried out by the Calouste Gulbenkian Foundation's Documentation and Research Department. Nonetheless, due to the limited space available, it was not possible to exhibit posters, and they were left for a future initiative.
The exhibition aimed to complete the CAM's collection with pieces loaned by private collections, artists' reserves and collections of other museums, and publicise the FCG's Modern Collection, which was still relatively unknown by the public.
The lenders who cooperated with the museum included the Museu Nacional do Teatro, which loaned the largest number of works. These included several caricatures and drawings by Amarelhe (Porto, Portugal, 1892 - Lisbon, Portugal, 1946), theatre programmes and sheet music.
The exhibition was set up in three large sections: magazines, journals and other periodicals; programmes, sheet music and other documents; books, catalogues and diverse publications.
The exhibition aimed to present Portuguese society at the end of the First World War, a time when artists turned to illustration for magazines, newspapers and advertising as a way to make money from their creative work, and this also provided them with access to a new social group, the nouveau riche, whose fortunes came from trade and industry and were potential commissioners for less erudite work. Sommer Ribeiro highlighted Almada, Botelho, Barradas, António Soares, Stuart and Bernardo Marques from this period. Another catalogue text, written by José-Augusto França, introduced the social, intellectual and artistic context of the 1920s in Portugal.
As well as publishing the catalogue, other activities were also planned, relating to the research that led to the exhibition, such as the publication of paperbacks with drawings by Almada in Sempre Fixe already published by the CAM, a collection of drawings by Barradas between 1912 and 1930, and a collection of drawings by Bernardo Marques published in the Diário de Notícias newspaper between 1924 and 1930, included in the Domingos de Lisboa [Sundays in Lisbon] section, and the production of a poster. The painter Tomás de Melo donated the journal De Teatro - Revista de Teatro e Música (no. 1) as part of the exhibition, and it is available today to be consulted at the FCG Art Library. He also loaned several works to the CAM (List of works lent by painter Tomás de Melo, n.d., Gulbenkian Archives, ACARTE 00778).
A round table on the theme of the role of artists in illustration was held alongside the exhibition, organised by the Department of Artistic Creation and Art Education (ACARTE) and aimed, as well as to demonstrate the results of the research carried out, to help update the theme with the aid of the living statements from artists and academics. The round table was held on 28 January 1986, the date originally set for the exhibition to close. Its participants included João Botelho, TOM, António Mega Ferreira, Miguel Esteves Cardoso, Margarida Acciaiuoli and Luís de Pina.
The FCG, via ACARTE, organised a series on Portuguese cinema of the 1920s, in cooperation with the Cinemateca Portuguesa. Although the advertising for this series mentioned only five films, seven information sheets related to the exhibition were found, and the films O Táxi nº 9297 and Lisboa, Crónica Anedótica do not have a projection date attributed to them. The text accompanying the projects was written by Luís de Pina, director of the Cinemateca Portuguesa.
Also included in the activities to complement the exhibition organised by ACARTE were plans for a Period Room. Not much information could be found on this, just that it was made using pieces loaned by Portugal's national theatre and clothing museums, the Museu Nacional do Teatro and the Museu Nacional do Traje.
The documents analysed include permission for José Maria Vaz da Silva to make a video of the exhibition. Nonetheless, this video has not been found.
Only some cuttings from Correio da Manhã, O Dia and Diário de Notícias have been found, and they simply advertise the exhibition. The exception to this is an article by José-Augusto França for the March 1986 edition of Colóquio. Artes: while França did advertise the exhibition, he also gave some notes regarding the museology features, such as when he mentions the lack of artists' names on the display cases and the need for more pages of the Notícias Ilustrado to be exhibited. Despite these criticisms, França concludes his article by saying the exhibition had a highly interesting mental discourse (França, Colóquio. Artes, no. 68, Mar. 1986).

Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

Cabeça

António Soares (1894-1978)

Cabeça, 1922 / Inv. DP865

Fábrica Santa Clara - Feno de Porugal - "Assegurar o Privilégio..."

António Soares (1894-1978)

Fábrica Santa Clara - Feno de Porugal - "Assegurar o Privilégio...", 1933 / Inv. DP906

Ilustração

António Soares (1894-1978)

Ilustração, 1921 / Inv. DP971

Leviana

António Soares (1894-1978)

Leviana, 1921 / Inv. DP872

No Teatro

António Soares (1894-1978)

No Teatro, 1922 / Inv. DP871

Os avançados

Jorge Barradas (1894-1971)

Os avançados, 1928 / Inv. DP997

s/título

Jorge Barradas (1894-1971)

s/título, 1928 / Inv. DP988

s/título

Jorge Barradas (1894-1971)

s/título, 1927 / Inv. DP996

s/título

Jorge Barradas (1894-1971)

s/título, 1921 / Inv. DP998

s/título

Jorge Barradas (1894-1971)

s/título, 1926 / Inv. DP999

s/título

Jorge Barradas (1894-1971)

s/título, 1921 / Inv. DP994

s/título

Jorge Barradas (1894-1971)

s/título, 1920 / Inv. DP995

s/título

Jorge Barradas (1894-1971)

s/título, 1927 / Inv. DP977

"Os Dois Sempre Fixes"

José de Almada Negreiros (1893-1970)

"Os Dois Sempre Fixes", Inv. DP209

Desenho para a capa da revista "Contemporânea" nº 2

José de Almada Negreiros (1893-1970)

Desenho para a capa da revista "Contemporânea" nº 2, Inv. DP210

Parva  (em latim) nº 1

José de Almada Negreiros (1893-1970)

Parva (em latim) nº 1, Inv. DP243

Parva (em latim) nº 2

José de Almada Negreiros (1893-1970)

Parva (em latim) nº 2, Inv. DP244

Parva 5

José de Almada Negreiros (1893-1970)

Parva 5, Inv. DP246

Rondel do Alentejo

José de Almada Negreiros (1893-1970)

Rondel do Alentejo, Inv. DP154

Título desconhecido

José de Almada Negreiros (1893-1970)

Título desconhecido, Inv. DP211

Título desconhecido

José de Almada Negreiros (1893-1970)

Título desconhecido, Inv. DP158

Título desconhecido

José de Almada Negreiros (1893-1970)

Título desconhecido, Inv. DP188

Título desconhecido

José de Almada Negreiros (1893-1970)

Título desconhecido, Inv. DP213

Um homem casado

José de Almada Negreiros (1893-1970)

Um homem casado, Inv. DP200

Estudo para Capa da Revista ABC

Stuart Carvalhais (1887-1961)

Estudo para Capa da Revista ABC, 1920 / Inv. DP1036

Estudo para Capa da Revista ABC

Stuart Carvalhais (1887-1961)

Estudo para Capa da Revista ABC, 1920 / Inv. DP1043

s/título

Stuart Carvalhais (1887-1961)

s/título, Inv. DP1046


Eventos Paralelos

Mesa-redonda / Debate / Conversa

O Papel dos Artistas na Ilustração

28 jan 1986
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Sala Polivalente
Lisboa, Portugal
Ciclo de cinema

Filmes Portugueses dos Anos 20

20 dez 1985 – 29 dez 1985
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Sala Polivalente
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Madalena Azeredo Perdigão (ao centro)
Madalena Azeredo Perdigão (à esq.) e José de Azeredo Perdigão (à dir.)

Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (ACARTE), Lisboa / ACARTE 00778

Pasta com documentação referente à produção de atividades complementares à exposição, da responsabilidade do ACARTE: mesa-redonda, filmes dos anos 20, inauguração da exposição e salão de época. 1985 – 1986

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00145

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém um convite, orçamentos, correspondência interna e externa, material para o catálogo e recortes de imprensa. 1985 – 1989

Biblioteca de Arte Gulbenkian, Lisboa / Dossiê BA/FCG

Coleção de dossiês com recortes de imprensa de eventos realizados nas décadas de 80 e 90 do século XX, organizados de forma temática e cronológica. 1984 – 1997

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/043-D02833

Coleção fotográfica, p.b.: inauguração (FCG-CAM, Lisboa) 1986


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