Os Naturalistas

Primeira exposição do ciclo «150 Anos de Arte Portuguesa», dedicada aos pintores do Naturalismo. Patente no Museu Luís de Camões, em Macau, a exposição foi inaugurada a 9 de novembro de 1986 e encerrou dia 25 do mesmo mês. A colaboração da Fundação Calouste Gulbenkian verificou-se ao nível da recolha, embalagem, seguro e embarque das obras.

Fizeram parte deste ciclo as exposições «Columbano Bordalo Pinheiro», «Os Pioneiros do Modernismo», «Almada Negreiros», «Os Anos 40 a 60 na Pintura Portuguesa» e «As Últimas Décadas».

A exposição «Os Naturalistas» foi comissariada por Maria Margarida Marques Matias, diretora da Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, em Lisboa.

Sobre a montagem da exposição foi encontrada a seguinte nota na imprensa macaense: «Verifica-se uma ou outra deficiência de iluminação, uma posição demasiado elevada dos quadros e, por vezes, uma pelo menos discutível distribuição dos mesmos. Custa-nos, por exemplo, entender a razão porque o Napolitana de Henrique Pousão foi colocado num canto encostado à parede, quando ali mesmo ao lado há espaço de sobra para a sua exibição em condições de muito maior dignidade; por sua vez Cecília do mesmo pintor, embora colocado em condições de poder ser observado até de longe, tem a seu lado uma das peças talvez de pior gosto de toda a mostra.» («A propósito do ciclo de pintura portuguesa», Tribuna, 15 nov. 1986).

A importância deste ciclo foi reconhecida pela Secretaria de Estado da Cultura, que, a 29 de outubro de 1986, emitiu um despacho autorizando a saída para Macau de várias obras pertencentes aos museus dependentes do Instituto Português do Património Cultural (Carta de Maria Margarida Marques Matias, s.d., Arquivos Gulbenkian, CAM 00111). Foram ainda expostas obras cedidas por vários colecionadores privados.

O ciclo e os catálogos publicados no âmbito das exposições foram contemplados com os prémios de «Melhor Exposição Temporária» e «Melhor Conjunto de Publicações», atribuídos pela I Trienal de Museus «Mouseion», realizada em maio de 1987 no Rio de Janeiro.

Com o termo destas exposições, foi apresentada em Pequim uma exposição-síntese, intitulada «100 Anos de Arte Portuguesa», que integrou 85 trabalhos selecionados pelos comissários responsáveis pelas diversas mostras do ciclo «150 Anos de Arte Portuguesa».

Esta exposição-síntese foi apresentada em Pequim durante o mês de abril de 1987 e revestiu-se de um «significado histórico fundamental nas relações dos dois países» (Carta de António Conceição Jr. para José Sommer Ribeiro, 27 mar. 1987, Arquivos Gulbenkian, CAM 00111).

A iniciativa de divulgar a arte portuguesa em Macau despertou um grande interesse junto dos visitantes e contou com «numeroso público, que tem acorrido à Galeria de Exposições Temporárias do Leal Senado para visitar a primeira amostragem do ciclo de exposições» (Jornal de Macau, 18 nov. 1987). Este ciclo foi noticiado na imprensa macaense como «the most comprehensive panorama of European painting Macau has seen opens at the Leal Senado Gallery this afternoon» (Winterton, South China Morning Post, nov. 1986).

As exposições foram divulgadas na imprensa como uma forma de «present an example of a historical evolution from which local artists can learn» (Ibid.).

Carolina Gouveia Matias, 2017