Mostra individual do trabalho de Jorge Pinheiro (1931) realizada no âmbito da «IV Exposição Nacional de Gravura», organizada pela Gravura – Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses, com a colaboração da Fundação Calouste Gulbenkian. A exposição resulta do convite da organização aos artistas premiados na edição anterior de 1981, Jorge Pinheiro e Sérgio Pombo (1947).

O espaço expositivo, a Galeria de Exposições Temporárias da FCG (piso 01), estava compartimentado em três áreas distintas, assinaladas por painéis verticais, que correspondiam às três mostras programadas em simultâneo: as exposições individuais de Jorge Pinheiro e de Sérgio Pombo e a «IV Exposição Nacional de Gravura».

A exposição de Jorge Pinheiro reunia trabalhos em serigrafia, realizados entre 1973 e 1983, e integrava as gravuras premiadas na «III Exposição Nacional de Gravura», de 1981, a par de outros trabalhos, de datação anterior ou mais recente. O conjunto de obras selecionadas permitia entender o desenvolvimento das suas pesquisas plásticas ao longo dos últimos dez anos de atividade.

As obras foram distribuídas pela sala de modo a refletirem o seu processo de trabalho: a recuperação, a adição, a transformação de elementos e formas. A produção da última década parece ter partido da série, também em exposição, Quinze ensaios sobre um tema ou Pitágoras jogando xadrez com Marcel Duchamp (1970-74), que remete para notações musicais e outros sistemas de escrita, como o Braille. Nesta, imperam os grafismos a preto sobre fundo branco, os quais acabam por integrar as composições seguintes, de 1981, marcadas por planos de cor atravessados por linhas e pontos. Nestas últimas, os vários tempos dentro da imagem são criados através de transparências e sobreposições, solução procedente, como é aqui mostrado, de serigrafias de 1973. Por último, foram ainda apresentadas duas serigrafias de 1983, que vinham na sequência das que apresentou na exposição de 1981. É com o confronto destes trabalhos que a mostra termina.

Mariana Roquette Teixeira, 2017